quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

O poder Ultrajovem


Tenho sempre mania de passear pela Conde de Bonfim,na Tijuca,porque ali perto tem um pequeno sebo que gosto.
Fica ao lado de um antigo cinema que a senhora 'Igreja Universal' fez questão de comprar.Aliás, é mais do que comum isso,comprarem tudo que vêem:armazéns,antigas lojas,galerias,tudo pra ofertarem o dízimo ao senhor.Entre os livros que ficam encostados na rua,existe um senhor de cabelos longos e pouca fala, óculos fundo de garrafa,e que logo eu tomei por alcunha de astrônomo.Ele parece mesmo um daqueles astrônomos antigos.É essa mania que tenho de apelidar pessoas pra mim mesmo.Pois bem,antes eu tinha surgido por ali ao acaso,ao ver o 'manual do vampirismo' bem acima de minha cabeça,fixado por dois pregadores de ferro.O nome escrito'Nelson Liano Jr.' em branco.Pra quem não conhece tal nome,era o possível pseudônimo utilizado pelo escritor Paulo Coelho.Iniciou a idealizar o livro e após ter sido publicado em 1986 a sua primeira edição,resolveu não republicá-lo nunca mais.Conforme os dizeres no site oficial do próprio escritor:''ele não havia conseguido explicar bem o mito do vampiro''.Ou dizia que era de "má qualidade"certo que ao bater a vista não resisti a curiosidade e perguntei quanto era,o que prontamente 'Edmond Halley' em sua seriedade respondeu: -Cento e noventa reais!-E eu,cá com meus botões:-Ah,sim,claro,cento e noventa!-Quem é fã do Paulo Coelho,ou ama estudar vampiros;enjoy,sim,porque tem malucos que chegam a vender até por duzentos e noventa ou trezentos reais,em sites de sebos raros.Ou porque não 'arquivos do inferno'??seu primeiro livro e mais rarísssimo ainda pra encontrar...Você compra por uma bagatela de dois mil e novecentos e cinquenta reais como apresentados neste site: http://www.001shop.com.br/lojas/raridade/produtos.asp?produto=501&categoria=27&inf=10&a1=A%20-%20LIVROS%20RAROS&a2=ESOT%C9RICOS volto a repetir,para quem gosta,enfim...Por fim, neste cantinho escondido de Tijuca,entre pilhas e pilhas de livros encontrei um livro que eu adorava ler quando criança,era de Drummond:'O poder ultrajovem' com seus 79 textos em prosa e verso,e junto aquele conceitualismo Itabirano e irônico que só ele possuía.Um livro ótimo para ser lido em viagens.Não fiz por mais;olhei pro Halley todo sorridente, paguei cinco reais e ganhei meu dia.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Senhor Wilson


Que a violência no Rio está mais frequente do que nunca,isso todo mundo sabe e ninguém duvida.

Mas o que não sabemos é:quantas saídas malucas,embarafustantes ou insanas;os cidadãos encarcerados em suas janelas e portas com ferrolhos medonhos, são capazes de se prestar;para melhor se protegerem. Moro numa vila bem apaziguável na Tijuca,que só é quebrado o silêncio constante, diante da distribuição efusiva de saraivada de balas quando a droga chega,ou quando os policiais querem subir o morro.Tirando isso,posso garantir aos senhores que é até uma tremenda maravilha de se viver.Como diria melhor meu amicíssimo Gildázio:-Jordan você mora na vila do Chaves,com certeza!!-Se bem que ele ditando-me isso,lembro que por infinidades de vezes,fiquei na curiosidade de saber se era possível dormir dentro de um barril,como o Chaves...

Só por curiosidade:"Será que isso seria possível mesmo??" -Mas lógico que só por experiência,claro!Se bem que os aluguéis estão tão caros...O certo da história é que eu moro no comecinho da vila,no terceiro andar do prédio,que divido com mais duas senhoras.A primeira senhora do primeiro andar,poderia associá-la à Dona Florinda,porque vive de bobes no cabelo,e a segunda;a Bruxa do 71,em que muitas das vezes expressou-me feição bem carrancuda por meses.

Fiquemos com a primeira pois tem maior participação na história.Voltando quarta-feira à noite,deparei-me com certa criatura curiosa encostada num cantinho direito da parede,meio gorda e inerte,transparecendo mais ser um quasímodo deplorável do romance de Victor Hugo;de longe parecia expressar traços humanos.Mais estava como que esperando uma abordagem, com a face reta estudando-me e um pedaço de pau na mão direita.Só tirei a desconfiança de tudo aquilo,quando cheguei bem perto e pude rir bastante, o meu ladrão não era nada ladrão,pelo contrário,era até o inverso;era uma espécie de vigia espantalho,preenchido largamente com vários outros panos mais grossos por baixo,imitando uma tartaruga ninja inchada.Ao lado para melhor montagem,uma garrafa de plástico destas 'pet' de coca-cola 2 litros,e o pedaço de pau que me levaria os últimos trocados do vinho.No outro dia voltei mais cedo para saber se descobria o enigma do boneco e bingo,Dona Florinda calmamente depositava uma cadeira de plástico com suas mãos frementes,bem perto das escadas o qual eu subiria mais tarde, e finalmente pôs o seu protetor em cima.Pensei comigo,acho que ela precisaria ficar mais atualizada,com tantos fuzis do lado de fora das janelas dos bondes que cruzam madrugadas,eis que surge um herói quixotesco e inchado com pau à mostra,que carinhosamente eu apelidei de senhor Wilson à velhinha...

"Vai meu irmão,pega esse avião você tem razão..."



































































[Bônus para Lapa,Maracangalha,Bar da Fatinha,Taberna diferente e Gomes no Santa Teresa,Bar Estrela,Beco do Rato,Feira de São Cristóvão...Um dia sei que voltarei ainda ...Bônus também a todos os amigos que amo,e que guardo na ponta do coração,aqui deixo recordações máximas a vocês, e pelas fotos roubadas de: Carina,Ana,Framback,Mariane...]
Saio do Paula Matos(214)e vejo a presença de Larissa e Blenier no Bar da Fatinha,mas não entendo o porquê de estarem ali,Fabão me evidencia os fatos;o Toninho do Taberna diferente, só tinha ali no momento três engradados,nada que suportasse a sede dos amigos já saudosos.Ligações emergenciais se cruzam entre os emaranhados de vozes afoitas,a festa tinha se mudado realmente de lugar.Fabão então me dita que vai estender a faixa.Fizeram uma surpresa para mim e Drica,que já não era tão surpresa; porque tudo ali já se tinha descoberto.
No pano esticado tinha versos de Samba de Orly,e fiquei supreso com tais dizeres.Realmente eles haviam acertado em cheio meus pensamentos.As reticências declaradas da frase se vinham mais importantes além...'Pede perdão pela duração dessa temporada,mas não diga nada,que me viu chorando,e pros da pesada,diz que eu vou levando,vê como é que anda aquela vida à toa e se puder me manda uma notícia boa...'A conversa se anima mais,carros vão brigando com o bonde que desce sentido 'o Gomes'depois percebo que havia esquecido os demais Cd's.Minha playlist estava fraquíssima,e justo eu que gosto tanto de selecionar.Havia trazido todos os cd's dos Beatles e um legião duplo,apenas isso;com certeza iriam assar o meu fígado até o final da tarde.Mas veio o Santo Fabão e me livrou de todos os males com o Ipod,nestas horas eu agradeço por estarmos tão avançados em matéria de música. Os moradores que subiam por ali não entendiam nada.Somente as linhas do Chico Buarque em azul,e as pessoas reunidas e animadas lá dentro;entre risadas e copos numa mesa extensiva com cinzeiros, e desenhos de signos nas beiradas.A Fatinha era chamada a todo o instante,e o engradado ficava esperando cervejas ali no canto rubro.À noitinha teve discurso,comportamento mais do que diplomático para despedidas,subir num banquinho como representativo de palanque é deveras por vezes bem difícil.
Mas algumas doses de gengibre, nos dá suco de conhecimentos momentâneos,e sempre é bem-vindo.
Agradeci primordialmente aos que estavam presentes e risonhos,por tudo.Bezerra da Silva cantava (candidato Caô caô):nada mais atual do que nos acontece hoje em dia.'Ele subiu o morro sem gravata,dizendo que gostava da massa,foi lá na tendinha bebeu cachaça,até bagulho fumou,entrou no meu barracão e lá usou lata de goiabada como prato,eu logo percebi é mais um candidato para a próxima eleição...'Outros bota-foras vem chegando,mas estes são definitivos,acho(risos).Dia 29 deste mês de fevereiro.Primeiro no camarada Eduardo na Saúde,depois no Maracangalha só com músicas brasileiras,oh yeah...










terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

E Cecília Meireles vive

De repente madrugada séria vinha surgindo,uma concordância de lua para ninguém botar defeito.Fome e vontade de sentar nos asseguravam plenamente.Procuramos uma pizzaria na Lapa.Febre de pessoas que trafegavam e se negavam a ir embora,carros afobados,briga sem ganhadores,pedestres e carros numa luta inquieta de espaço,buzinas lancinantes sacudiam os mais afoitos.Raiva dos transeuntes agressivos.Subimos a escada da pizzaria cansados.Trocamos risadas,histórias,olhares,mas em tudo a fome não passava.Ela de repente falou que ia se levantar,e sua garganta gratuita e bradante de poesia pediu atenção aos que comiam,e como um palradora inconsequente,saiu metralhando seus versos audíveis em cima de uma cadeira.Uma voz se vinha ao meu lado baixinho,dizendo:-Tira ela dali,tira ela dali.Vai dar merda,tô falando!"Eu canto porque o instante existe e a minha vida está completa.Não sou alegre nem sou triste:sou poeta."-Fingo que não escuto,deixo a continuação dos versos seguir com certa individualidade natural.-Alguém vai reclamar,o pessoal vai vaiar,ainda dá tempo de tirá-la dali."Irmão das coisas fugidias,não sinto gozo nem tormento.Atravesso noites e dias no vento.Se desmorono ou se edifico,se permaneço ou me desfaço,— não sei, não sei. Não sei se fico ou passo."-Calma...O início já foi feito,as pessoas estão todas compenetradas,está vendo??Não posso mexer em nada agora,só esperar o julgamento da platéia que assiste.-Outra voz se crescia também audível,uma voz também feminina e seca.-Chamem os seguranças!Chamem os seguranças!-Assim secamente."Sei que canto. E a canção é tudo.Tem sangue eterno a asa ritmada.E um dia sei que estarei mudo:— mais nada.Cecília Meireles, gente"-Uma pausa longa se fez no salão antigo,nenhuma crítica,nenhuma risada,nenhum inconformismo,apenas o vento indefinível,necessário no calor carioca, acariciava as portas portuguesas.Um bater de palmas forte,surge de um senhor gordo barbudo à frente,demais palmas são refletidas mais atrás,ela começa a conferir o nível de abraços que ofertam carinhos,e o sorriso infantil salta,da garota sapeca que se faz natural em todo ambiente,mais palmas adiante,agora perto dos garçons que assavam uma muzzarela.A mulher que chamou os seguranças não entendeu nada dos versos,e além de não entendê-los;matava amplamente a cultura popular,com seus dizeres reacionários e pútridos. Quão resquiciosa e frágil é a cultura,em todos os seus segmentos e níveis.Vivemos naqueles dias de meu Deus...

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Quanto riso,oh,quanta alegria rá rá rá...





























[Fotos by:Mariane]
No início não queria comentar sobre o carnaval,e o engraçado é que o carnaval sempre mexeu com este meu coração,batidas certeiras de escola no peito.Mas é que este ano teve um gosto meio estranho de despedida,um quase sair dos amigos,de cultivar outras promessas em uma nova vida em Curitiba.Não sei se cheguei a comentar,mas irei partir para outro lugar;o Rio infelizmente anda muito violento,e eu penso em constituir família,filhos,aquela coisa de casinha no campo...Jogar milho pras galinhas e aprender a tocar violão na rede.Vivi um bom tempo no Rio,e largar tudo isso assim,de bandeja; é bem difícil pra mente,fora as questões de mudança.Alguém me orienta em termos de transportadora??E embalar caixas então...Só tenho medo de duas coisas:esquecer os livros comprados em vários sebos escondidos,e meu toca-discos que é meu braço direito.Lembro que quando estava na Avenida,a primeira coisa que lembrei foi de Cyro dos Anjos sobre o comportamento de:(A donzela Arabela)-''Dêem-me um jato de éter perdido no espaço e construirei um reino.'' ''Bebendo aqui, bebendo ali, acabei presa de grande excitação, correndo atrás de choros, de blocos e cordões. Não sei como, envolvido em que grupo, entrei no salão de um clube, acompanhando a massa na sua liturgia pagã.''
Ou doidamente lembrava também de Manuel Bandeira:"Sempre tristíssimas essas cantigas de carnaval.Paixão,Ciúme,Dor, daquilo que não se pode dizer,Felizmente existe o álcool na vida,E nos três dias de carnaval éter de lança-perfume.
Quem me dera ser como o rapaz desvairado!O ano passado ele parava diante das mulheres bonitas E gritava pedindo o esguicho de cloretilo:- Na boca!Na boca!"-O chato destas histórias é que nenhum professor ousa ensinar estes tipos de estudo na sala quando pensamos literatura.
Na visão de todo mestre, eles teimam em vingar os poetas como aquele cara certinho,de óculos e gravata,e que toma chá com bolachinhas à tarde como os londrinos.O Bandeira fala melhor por mim:"Estou farto do lirismo comedido, Do lirismo bem comportado, Do lirismo funcionário público, com livro de ponto, expediente, protocolo e manifestações de apreço ao sr. diretor. "Mas as ruas esboçam liberdade,esboçam o tema clássico: 'é proibido proibir.'E me calam a boca com confete,bebo cerveja com serpentina,sorrio das coisas mais simples possíveis.
A música que eu tomei por título, deveria ser cantada para mim de outra forma:'Quanto choro,oh,quanto despedida,mais de mil abraços no salão...'
E me divirto tanto,rodo tanto;estampando a cara de xeique barbudo...Os versos se esbarram na composições carnavalescas e Bandeira acompanha:"Uns tomam éter, outros cocaína. Eu tomo alegria! Eis aí por que vim assistir a este baile de terça-feira gorda."Sejamos libertinos,sejamos livres,fora preconceitos informais e castradores.Drummondianamente falando:"Oh! sejamos pornográficos (docemente pornográficos). Por que seremos mais castos que o nosso avô português? "E o carnaval e os poetas da soberba nos salvam.E o carnaval já teve o seu fim,desagradável surpresa que eu não gostaria de buscar.Basta apenas saber se virei novamente repousar meus pés nas ruas cariocas;ou desfilar de sobretudo nas vielas curitibanas.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Promessas no diário


Era calma manhã de quarta-feira, quando hospedou-se numa pensão escura da Lapa,levando apenas uma malinha marrom à tiracolo entre os dedos direitos, e alguma finitude de palavras que saltava para o dono do estabelecimento.Tinha um jeito de John Wayne carrancudo, esteriotipando andar engraçado e interiorizado;e um bigode amplo que as maçãs sabiam enfrentá-las muito bem.Traduzia na essência de dimensões do rosto magro,qualquer coisa de sofrença mascarada,um par de olheiras cavadas e roxas,como túneis rompidos na pedra bruta de mármore.Era um ter de não mostrar sorrisos a ninguém,direções,lembranças,família.Os músculos secos e severos,talvez de tanto empregar andanças por lugares e moradas sem rebocos,como beato padecido em romarias velhas.Óculos se acomodando no adunco nariz vermelho e gorduroso,tinha tédio e sonolência repetida,trazia embaixo do braço um livro de William Blake que traduzia.

Em alguns momentos reproduzia envergonhadas manias,como não subir com o pé esquerdo as escadas que levavam ao seu quarto;pelo contrário,ao invés disso se conduzia sempre com o direito. O corrimão bem liso e palpável,relembrava certas histórias que a mãe contava,como não escorregar por ali,não brincar com as escadas.A mãe tinha face angelical,e travessia de rugas calmas como rochedos acúleos,a boca pequena e contrita,aflita,lhe dirigindo sempre com severidades estúpidas.

Cresceu só pela casa vermelha e grande,o pai já não desfrutava mais do mesmo mundo;apenas seu pequeno e esculpido barquinho que brincava perto da beira do rio,perto das saias de dona Marta que lhe preparava a janta.

Agora já pobre e coitado,deixava correr lágrimas de sal pelos lábios,sentindo gotículas lhe cravejarem dores.Retira a gravata lentamente e senta na beirada da cama.Abre a malinha marrom e retira dali um pequeno diário que já o acompanha anos de estrada.Anota alguns pensamentos frios,se desaparece nos travesseiros.A comida lhe é servida mas não toca,deixa pra outra hora.Sentia naquele estado oportuno onde ficava,algo parecido com seu ambiente familiar,algo quase com cheiro de madressilvas e uma terna voz maternal a lhe ressoar à frente,quase lhe tocando as mãos e agraciando.Desceu com certo espanto e suor,movimentos quedantes,os dedos passando sobre as finas madeixas.Chamou o dono,queria fazer uma ligação para outro Estado.Para uma pessoa com quem ele não falava há doze anos.Uma voz se fazia presente e histórica.'Alô'ele retrucou:'Oi'e caiu perdidamente em choro dali pra frente,com seu diário vivo agora podendo falar ao colo maternal.

Ao meu caro gradiente

Para mim a coisa que me deixa num destes estados aprazíveis de sentidos,é escutar um velho e bom vinil em casa,e isso eu faço vez ou outra,com serenidade subsequente ao rosto...Limpo bem a bolacha com uma flanela leve e jogo pra rodar na agulha.Depois, a sensação e reação maior que se prevê aí,é traçar oficialmente o estar em outro mundo,em outro acaso de sonhos,aquela coisa da propaganda do Ballantines,se é que vocês me entendem.Tenho um "system"gradiente, que fôra o xodó de muita gente na época.consistia de um receiver, toca-discos, tape-deck e um par de caixas acústicas vendidos num único pacote,consegui um DVD separadamente um pouco depois,em 87;da philips,os dois nunca me deixaram na mão.A compra foi em meados de 1985,tinha ido amarradaço comprar com meu pai na extinta Mesbla,assim como meu Atari.E foi amor à primeira vista.Os systems só perdurariam até 86/87 quando a empresa se concentrou em fazer equipamentos conjugados.E eu adorava ficar ali;parado ao som,esperando as estações certas e os horários certos para dar um 'rec' e ficar atencioso a qualquer propaganda maldita que partisse do locutor,e se encaixasse em cima da música predileta.E era hora de dar um 'stop' para mais tarde 'rew' 'play'e tentar achar outra música que não ficasse estragada.Não existia pirataria,nem MP3,se quiséssemos um som da hora,tínhamos que recorrer as importadoras,ou gravar de algum amigo bondoso que deixasse tal uso. Era época de Walkman e tínhamos que comprar várias e várias pilhas,e haja dinheiro da mesada pra tudo isso. Lembro que eu tinha nove anos de idade, e o som ficava no quarto dividido com outros dois irmãos meus.
Meu pai escutava:Altemar Dutra,Dorival Caymmi,Secos & Molhados,Beatles,Roberto Carlos,Chico Buarque,Toquinho&Vinícius dentre outros, na minha cama.Descansava vez ou outra aos domingos ali,depois de uma tarde recreativa na AABB com os amigos e minha mãe.O bom da história é que o som até hoje me acompanha,e já está de malas prontas pra ir morar comigo em Curitiba,depois de sete anos vividos no Rio.Cada mudança que faço com ele,a primeira coisa que procuro é um bom canto pra ele descansar.Teve tempos em que não existia móveis na minha mudança...Mas ele estava lá e eu contava com seu apoio.Já curou tantas mágoas ou alegrias comigo,ao sabor de uísque ou não...Já serviu de som pra guitarras usadas,vocal improvisado,pros games com estéreos mágicos.Hoje o dia é dedicado a ele,onde agora ouço no momento o lp da Emi'Help'dos Beatles prensagem de 1970...

Em bar chinês, clientes pagam para bater nos garçons

Bem, eu havia postado uma crônica antes aqui, que falava desta demora do garçon em nos atender em determinados lugares,e que raiva isso também nos fazia,pois então...Nossos problemas acabaram.Existe um bar na região leste da China, que está oferecendo um novo serviço contra os estresses da vida moderna.
Os clientes do Bar de Liberação de Raiva do Sol Nascente podem pagar para bater à vontade nos garçons. Além disso, é permitido quebrar copos e berrar no estabelecimento,que maravilha isso!!Não exisitirá mais bêbado chato,e o garçon,garanto,não atrasará a bebida jamais.
Se nenhuma dessas técnicas funcionar no combate ao estresse, os freqüentadores do bar ainda têm direito a atendimento psicológico no lugar.
O proprietário do bar, que fica na cidade de Nanquim, capital da província de Jiangsu, disse que sentiu necessidade de abrir o estabelecimento depois de suas experiências como trabalhador imigrante de outra província.
Wu Gong disse ao jornal estatal China Daily que os garçons e garçonetes são treinados e equipados com material de proteção para receber golpes sem se machucar.
Os clientes também têm direito a escolher a roupa que os funcionários usarão durante o ataque.
O "direito de bater" custa entre 50 e 300 iuans (cerca de R$ 13 a 81). O preço varia de acordo com a violência dos golpes. A maior parte dos clientes do Bar de Liberação de Raiva do Sol Nascente são mulheres.
A idéia dividiu a população da cidade. "Violência não é a solução para o problema. Se as pessoas sentem ira, elas deveriam mudar seus hábitos ou procurar ajuda", disse o trabalhador da indústria de informática Liu Yuanyuan ao Daily China.
Já a comerciante Chen Liang disse: "A idéia de bater em alguém vestido como o seu chefe me parece atraente".

Feijoada completa


Peço um prato de feijoada,o garçom me garante que na receita do cozinheiro vem: paio,charque, lingüiça calabresa, costelinha e lombo dentro.Eu não acredito em garçons,mas mesmo assim estou com muita fome;peço para trazer.Na minha mesa simpática e pequena, há um vidro em cima,onde percebo o cardápio e fotos antigas do Rio.
Lavo a boca com um chope quente e de proveniência desconhecida,os emaranhados de vozes ostentam o barzinho amarelo bem à vontade.Ali perto batalhões de pessoas ficam à espera de empregos numa agência,e lembro que também estou desempregado,e fico triste.E nem sei como vou pagar aluguel,contas de luz e telefone,net.Meu chope se foi e o garçon nunca volta nas horas em que necessitamos mais.Pego três guardanapos finos e tento escrever aquilo que chamo composição de samba improvisado.E ali me permaneço na obrigação e sem pressa,de festejar meus dias sem comemorações especiais.Na cabeça carrego um chapéu rastafari colorido,que chama a atenção de pessoas não acostumadas a cultura jamaicana.
Lembrei-me de forma ridícula do meu avô Ambrósio,que me atravessava os olhos da mesma forma,quando fazia algo que o perturbasse.Olhos miúdos,avessos,varrendo minha moralidade como se eu fosse um bicho qualquer.Atrás de mim,instintivo; percebo um perfume que me controla a vida.Uma mulher de seus 28 anos de idade,e com olhar reprovador de homens.
Ela mastiga baixinho uma mescla de: angústias,dor,fome e injustiças.
É o tipo de mulher que gostaria que me levasse comida na boquinha e que me amparasse de afagos.E onde está este terrível, garçon??Sumiu??
Ligo o desconfiômetro e de eventual decisão,acredito que ele não gosta nenhum pouquinho de mim,mas e daí,eu estou pagando a porra do salário dele...Mania dos garçons acharem que são profissionais liberais...Porque neste mundo nós temos culturas tão injustas,por que não podemos ser sábios??Apenas precisava de uma mulher cheirosa e que me contasse o seu mundo convivente.Que me contasse infâncias e que dormisse de meias, em dias frios.Que comesse podrão depois de shows,amar pizza ou massas em geral,sem se preocupar loucamente com aquela barriguinha protuberante.Que usasse batom e me borrasse toda a face de marcas.Escutar uma vez na vida um brega e dançar comigo,os dois bêbados e entregues ao amor.Por que nunca se tem um chope sempre bem gelado e com espuma agradável,quando queremos???Mas será o Benedito???
Não vem nenhuma coisa nem outra,raios...Porque não sou 'accipio' para seus braços,para seu descanso...A feijoada chega,mas não vai ganhar gorjeta,quer me matar de impossiblidades de sonhar;com a garganta seca??

Hotdoll-boneca inflável para cachorro

Caros leitores,depois de tantas invencionices loucas produzidas pelo mundo afora,chega mais uma no mercado;e esta é feita acreditem,para conter o apetite sexual de seu totó.Sim;uma legítima boneca inflável canina que promete apagar o ânimo do seu amiguinho,principalmente naqueles dias em que você quer receber visitas.E depois não se dar ao incômodo de passar por situações vexatórias,como dos filmes de comédia americana.
Pensando nisso, um designer francês de 24 (bingo!) anos criou a Hotdoll.Ele promete que o pequeno brinquedo dá "alívio de tensão"ao seu melhor amigo.Eu me inspirei em um amigo meu cujo cachorro acalmava seus impulsos em uma almofada”, conta Clement Eloy, 24 anos.“Percebi que os cachorros são animais e não podem controlar seu apetite sexual. Homens usam bonecas infláveis quando não conseguem se controlar, então por que não para os cachorros?"
Clement destaca que o buraco rosa da parte traseira “precisa ser lavado regularmente por questões higiênicas”.Cada uma...Há quem interessar possa pelo produto, deixo o site onde pode ser encontrado:http://www.feeladdicted.com/






Tempos que queria postar estas tiras de desenho aqui, mas sempre esquecia... 'Cyanide and Happiness' é uma webcomic feita por quatro autores,fundada em 9 de dezembro de 2004,suas tiras são publicadas diariamente desde 26 de janeiro de 2005. E aparecem frequentemente em sites como Myspace,LiveJournal,em fóruns e blogs em geral.O site anuncia que tem apreciação de um milhão de usuários diários(a partir de 20 novembro de 2006).Os criadores também tem feito anúncios para televisão para a Orange Wednesday, da Orange's Mobile, que têm sidos publicados no jornal The Sun.Para maiores informações sobre as tiras, podem ser lidas no site http://www.explosm.blogspot.com/

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

O absurdo nosso de todos os dias

café cultural e charutos também é cultura de inutilidade.

Marlboro mentolado com café

Em lojas de conveniência no Japão,você pode comprar esta terrível combinação(pelo menos para mim)-dois maços de marlboro mentolado você leva junto uma latinha de café Georgia Emblem Black, da Coca-cola.Aonde estão aqueles antigos cowboys que enrolavam os cigarros, assim, assado???Que lambiam de lá,acendiam de cá e aspiravam pra lá seu fumo forte...Francamente...Ou os japoneses não estudaram nada da vida dos cowboys quando o fizeram,ou os cowboys estão muito mudados...Além do mais;fumar mentolado pra mim é desculpa de pessoa que não quer oferecer cigarros para outro.E beber café em latinha então...Não deve ter nada de interessante para degustar...Prefiro o caseiro mesmo quentinho,feito na hora,com o cheiro ainda se sobressaindo pela sala.

Segredo de madrugadas


Ela se espalhava sobre mim,com suas sensações apertadas de libido;louca, devassa, bandida,a invadir-me às costas sofregamente doídas do sol de Abril.
Disparava-me longamente uma saraivada de beijos vermelhos, colando na carne um carimbo visível de ternuras frágeis. Os ombros ofertados,o pescoço e face aguda adorando tudo.
Era complicado ter qualquer coisa de disciplina naquele momento,ali tudo era aéreo,inútil; sucumbido.A cabeça desarranjada no teu mundéu de olhos cortantes,refreando calmamente meu sono primitivo espriguiçado, alheio às tuas marcas e besteiras que me contava ao ouvido.Se tomando como uma vitrine poética,e os músculos rígidos ainda presos à cama, sem quase nada poder fazer.O dedo seu indicativo, levado até a boca; premeditava qualquer coisa de sensação, o próprio gosto etéreo de paz.Pedia para que eu ficasse ali pra sempre,que continuasse com meu silêncio imperativo,com meus agradecimentos provocantes. Retratos de lembranças tantas...
Que na ordem da memória do espaço,o controle do homem prático sempre se passou por mais,e eu lhe via assim; a sentimentalidade crescendo e se florescendo com o barulho da chuva lá fora.E eu devidamente fisgado pelo passado,rabiscava nas retinas a mistura e soma de erros que você nunca pediu para acontecer, uma revisitação estranha de tantas falhas inúmeras e intranquilas,tanta infantilidade cruel ou desgostosa de nós,cálices brindados num relacionamento já desacreditado,e servidos no balcão com gosto de fel. A fumaça nicotiniana se esvai ao lado da xícara de cor branca.Um café forte e doce, contrastando com meu amargo pensar recolhido,de mulheres carmíneas que amei,e que me viveram,que me aprumaram e esgotaram meus projetos lindos.Que souberam carregar em muitas vezes,as formas alimentantes do coração de amores.Penso nestas tantas...tantas...o sonho bem nebuloso...
Hoje o reinar destas matérias nunca me foram tão claras,sonhos incomodantes que me perseguem, que me guardam no porão das euforias bacantes;dificultando meu acerto de questões.O líquido preto adoçando as dores,e a cabeça pendendo sob o queixo...Outros seriam meus sonhos mas não...Uma povoação enferrujada de memórias se resgata proveitoso,e atende a progressão dos fantasmas andarilhos na gerência de governo duro...Como um ser mais perto e presente que clama atenção de horários,de embarques confusos.Que divide o meu cigarro há tempos morto nos dedos da mão direita;e o restante do café que ainda me adoça à madrugada, tão álgida de aflições...



sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Gargalhada final



Marreco(Stepan Nercessian)e Fregolente(trombada)são dois atores circenses, que lutam por um ideal neste Brasil gigante de meu Deus,à procura de serem artistas em São Paulo.Mas para isso estes percorrem cidades pequenas,passam por situações suaves de aventuras,desfrutam do comportamento artístico de rua,que em muitas vezes já chegamos a nos guarnecer.Mas o mais interessante de tudo,é o humor empregue sem veredas ao filme.Uma transitoriedade meio Felliniana,e que se toma mágico com as duas ilustrações das personagens.Dou destaque para a cena do restaurante,e do surdo e mudo que os segue já beirando ao final da jornada.Filme imperdível,assim como "Marcelo Zona sul" que foi êxito de público,e ganhou prêmios internacionais.Retratando a história de um garoto de classe média copacabanense que vai relapso no estudos.E tirando de uma vez por todas;Xavier de Oliveira do Banco do Brasil o qual fazia parte do rol de funcionários.Ambos dirigidos por este monstro do meio cinematográfico brasileiro,são obras que configuram no parcelamento emblemático do nosso cinema.

Retratos na parede

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Ja está cansado de pedir teu último gosto minúsculo de paz.Já está cansado de explicar pra si mesmo,que os caminhos são muitos e pontiagudos;mas não sabe a verdadeira vereda que os pés levam.De tuas gargalhadas antigas;saboreia todas, sobre os mourões equilibrados do sítio verde.Em ti, está preso o amor,o suor e o incenso da vida que se perdeu.Abraça tua família por retratos espalhados nos corredores,abraços em preto e branco, abraços de recordações.Veste madrugadas itinerantes, com charutos certos para o estado de espírito. Não sabe a última vez que amou ou desejou alguém. Não sabe a última vez que perdeu a timidez dos beijos,ou quando desafiou a emoção do coração mais fortemente. Os fantasmas de teus retratos parecem lhe saudar com fervor quando passa.Tua sexta-feira de cachaças,teu sábado com livres passeios em campos de flores,teu domingo esmorecido numa rede sossegada.Em ti cresce um gosto de lágrimas doentias,que não acaba nunca, que não sara nunca.Uma ferida privilegiada e arrogante que se vai por telhados e municípios vagos.Os teus desprestígios se retém quando toma vinho,e aí quer percorrer luas e importância de conselhos de amigos.Quis negociar com o Diabo,de tanto que se arruinou...quis pagar qualquer coisa para se ver livre de preocupações.Tens frio,tens medo,tens dor.O teu obscuro enigma nunca será revelado,em vão percorrerás respostas,certas lembranças doídas,despedidas desagradáveis que se pinta nos céus...Mas o que encontrará é apenas uma avalanche de amnésias acumuladas e auroras reumáticas.Estás seco,não se mexe,nem teus olhos cravam-se em horizontes soltos. Quer gritar,mas para quê?De teus poemas aborrecidos é que você enxuga o peito.E teus parentes lhe observam apenas das paredes,sistemáticos.Com aquela característica confidencial, de conhecer a tudo isso serenamente,e respeitam...

Escravo urbano

Era quase sempre assim;despedia-se de sua casa às atenções finas, a insônia era um terrível preço que pagava pelas manhãs.Parecia um gato atento pulando pra dentro da calça, enquanto que deixava a panela no fogo pro café.O desgraçado café que era o santo graal,cura de sustentação para o dia que se seguia.Logo vinha um gole apreensivo,alguns burburinhos que tinha que ajeitar a casa e sumia.Corria sem histórias;pelos tijolos gastos da construção que desviava,pela provável e reiterável multidão que passava.E 'Chegue mais cedo!''Não aguento mais desculpas'.Patrão não entende das leis de Morfeu.
Patrão não entende o código do silêncio,amarração de sonhos,travesseiro e colchão pra zelo.Discussão nas madrugadas,de portas fechadas,porque o maldito sono não vem e nunca virá ao acaso.
O senso agora é crítico.Bate o cartão.Atropela a secretária de unhas vermelhas.Abandona a pasta desbotada à um canto,e se firma na mesa.Suor inválido caindo da testa.Garranchos distribuídos em notas conformadas num papel azul.A garganta bastante encaroçada,alergia de navalha na hora de escanhoar-se.Tinha impressão que aquilo tudo seria uma eternidade.Era contínuo da empresa de alma antiga.E saía cuidando de paralelepípedos,calçadas esburacadas,ruas sem nomes mais com números,ou ruas com nomes mais sem números,mas a burocracia deveria ser entregue,deveria chegar,notas carimbadas,cheques pagos no banco,dever de retorno de dinheiro à tesouraria.Percebia que nos valores pagos por ele;a quantia somada do comércio era explícita.E um costume de queixumes nulos se percorria por sua mente,porque tanto dinheiro entrando;e ele recebendo aquela pequena soma vagabunda.Havia lugares em que nem havia necessidade de estirar as pernas.Mas lá estava pronto,prático,suado e combativo,o dinheiro do aluguel o obrigava.E nem assim negociava o seu descanso,tinha que procurar outros bicos pra sustentar a vida.Queria reorganizar a vida,tanto ferida que tragou para seu pátio de mundo.Queria viver de viagens,não ter que pagar passagem,acertar na loteria,ser político pra chamar a atenção.Mas era contínuo,era o ser ilusão,apagado senso de humor que muito já não vive.E o escravo acordava sempre estranho,indiferente ser na repartição.Pegar papéis e protocolar,enviar envelopes sem reparar,pegar cópias ou imprimir,avisar ao chefe que vai descansar...