quarta-feira, 29 de abril de 2009

Baixa de versos

Eu tentava escrever o resto que me sobrava de versos na mesa,enquanto que aquele mundaréu de vozes, passavam servidos de política e palavras vendidas à minha pessoa.
Dona Cassandra me falava sobre a costa peruana,e o exercício infindável de esperar João acabar sua última escala de bar.
Eu nada entendia de lugares,mas sonhava messianicamente por Cuzco.E das estrelas; eu só lembrava os maias,que foram grandes astrônomos.Interrompi a conversa rapidamente pra mijar.Dona Cassandra ficara insatisfeita pelo cortar das frases,um leve transcorrer de olhares derrotados debatia pelo plano do corpo.
Pelo caminho encontrei o Luís,dono do bar e que já não aguentava mais as frases da velha senhora,se escondia pelos salgadinhos que dizia sempre preparar.
Nunca a pessoa é tão feliz quando consegue achar o banheiro,pra alguns lugares é um verdadeiro arquétipo de labirinto de Fauno.Um cartaz com letras graúdas em piloto,dizia que a luz não funcionava,mais do que comum isto acontecer,mas queria por obrigatoriedade minhas três rodelas de limão fatiadas na cerâmica,misturando-se no aliviamento da bexiga.
Aproveitei pra tentar acender um cigarro no escuro...Na chama do isqueiro lia palavras clássicas de porta,e o mesclar de tabaco e uréia apoderando a saída.
Dona Cassandra ainda ficava ali inerte,esperando qualquer coisa pra falar de João,e eu com as minhas ditas numerosas frases na cabeça,esperando o momento mais certo pra continuidade...Era uma briga desesperada entre frase e fala,convenientes do desabafamento humano.
Por fim pedi minha última cerveja,Luís não quis vender-me...Ele não sabe o quanto me ajudou...