terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Senhor Wilson


Que a violência no Rio está mais frequente do que nunca,isso todo mundo sabe e ninguém duvida.

Mas o que não sabemos é:quantas saídas malucas,embarafustantes ou insanas;os cidadãos encarcerados em suas janelas e portas com ferrolhos medonhos, são capazes de se prestar;para melhor se protegerem. Moro numa vila bem apaziguável na Tijuca,que só é quebrado o silêncio constante, diante da distribuição efusiva de saraivada de balas quando a droga chega,ou quando os policiais querem subir o morro.Tirando isso,posso garantir aos senhores que é até uma tremenda maravilha de se viver.Como diria melhor meu amicíssimo Gildázio:-Jordan você mora na vila do Chaves,com certeza!!-Se bem que ele ditando-me isso,lembro que por infinidades de vezes,fiquei na curiosidade de saber se era possível dormir dentro de um barril,como o Chaves...

Só por curiosidade:"Será que isso seria possível mesmo??" -Mas lógico que só por experiência,claro!Se bem que os aluguéis estão tão caros...O certo da história é que eu moro no comecinho da vila,no terceiro andar do prédio,que divido com mais duas senhoras.A primeira senhora do primeiro andar,poderia associá-la à Dona Florinda,porque vive de bobes no cabelo,e a segunda;a Bruxa do 71,em que muitas das vezes expressou-me feição bem carrancuda por meses.

Fiquemos com a primeira pois tem maior participação na história.Voltando quarta-feira à noite,deparei-me com certa criatura curiosa encostada num cantinho direito da parede,meio gorda e inerte,transparecendo mais ser um quasímodo deplorável do romance de Victor Hugo;de longe parecia expressar traços humanos.Mais estava como que esperando uma abordagem, com a face reta estudando-me e um pedaço de pau na mão direita.Só tirei a desconfiança de tudo aquilo,quando cheguei bem perto e pude rir bastante, o meu ladrão não era nada ladrão,pelo contrário,era até o inverso;era uma espécie de vigia espantalho,preenchido largamente com vários outros panos mais grossos por baixo,imitando uma tartaruga ninja inchada.Ao lado para melhor montagem,uma garrafa de plástico destas 'pet' de coca-cola 2 litros,e o pedaço de pau que me levaria os últimos trocados do vinho.No outro dia voltei mais cedo para saber se descobria o enigma do boneco e bingo,Dona Florinda calmamente depositava uma cadeira de plástico com suas mãos frementes,bem perto das escadas o qual eu subiria mais tarde, e finalmente pôs o seu protetor em cima.Pensei comigo,acho que ela precisaria ficar mais atualizada,com tantos fuzis do lado de fora das janelas dos bondes que cruzam madrugadas,eis que surge um herói quixotesco e inchado com pau à mostra,que carinhosamente eu apelidei de senhor Wilson à velhinha...

Nenhum comentário: