sábado, 20 de abril de 2013

Condenação oportunista



Ora se via debruçado e bem calmo sobre o balcão,não limpara os óculos e se empertigava pouco pela guisa de consolo que o retrato exclamativo sobre a mesa transportava em inúmeras vontades,sabia que a saudade lhe invadia noites tremendamente cansadas e rascunhou perdões não ensaiados no cérebro curvando a cabeça provavelmente pro quinto andar do prédio em que esganiçava mudo o rematado ogro particular que vivia'talvez não saia para regar as plantas'disse em voz baixinha!Finais de semana apresentando-se tão negativos,nem mesmo seu canivete jurava uma imagem impassível golpeando o cedro com traços cirúrgicos precisos e curiosos,uma natureza de linhas secamente escritas e que relatava pelas esprimidas letras a esperança da serventia da boca viver novamente morada.
Olhou o relógio intrigado pelo que a vaidade queria,as luzes todas estavam apagadas e a única chama que resplandecia sobre seus olhos era um fósforo descoberto ao acaso no bolso da camisa cinza,queria ainda ter motivos para viajar à Paris ou matar de uma vez o uísque empoeirado que morria penalizadíssimo entre o veredito de Camões e grossos volumes de Quixote,já era um próprio descuido em ter tantas invencionices e tantas impressões tiradas pra compra de feira que nunca fez,o papel relatando incômodos valores na geladeira branca e nunca guardou qualquer semana pra arrancar este peso de consciência e ir pras ruas,quem saiba ter a chance mínima de encontrá-la com aquele vestido rosa que conhecia bem ao vê-la na praça comprando lírios ,praticamente descoberta de pieguices de pessoas que falam mal ou contentar-se com seus cabelos escovados num chapéu bem sugerido,uma gargalhada espontânea e entusiasmada chamando o taxista e pedindo mais tarde ajuda pra levar as compras.
Não queria mais ficar esperando aquela loucura de olhar por debaixo da porta pra perceber se havia algum recado,uma carta de amor,queria mesmo era acertar uma nova folha pras teclas e preparar uma história que agradasse,que rompesse a condenação oportunista que nunca quis causar e deixar de tamborilar as várias perguntas leiloadas sobre o esquecimento neutro.Aproximar às narinas pra tinta,tentar entender porque as máquinas de escrever estão morrendo em larga escala,imperceptíveis senhoras que venceram séculos e hoje se aposentam em decorações de salas íngremes.
Era um chamariz desconcertante observar a pálida janela descascada,absolutamente preenchida de vasos e verde e nada mais restringia a ordem dos excessos e o que era difícil não era a espera,era o frio ao redor e as teorias cochilando sobre as estantes,sobre os acordos do medos que não respeitavam calendários e coração.Havia escrito várias páginas que nunca viraram cartas e três rasgadas que arriscou xingamentos e curioso que imaginava ou tinha mera suposição de como ela tocaria àquelas plantas,acreditando ser uma nova criança e inventando frases afogueando pétalas e raízes respondendo bem por seus crescimentos,as mãos bem sinceras socorrendo os minúsculos galhos,assim sabendo o rosto e nada hesitando em acompanhar com destreza o mesmo embalo.
Examinava fio a fio e interrogava-se moralmente dizendo que a cada dia mais parecia com seu pai,o que nunca quereria abrigar tamanha incumbência já que era plausível a reposta e relação de dois planetas tão diferenciáveis.
Porém morava uma estação de orgulho com sua própria chave escapando pelos poros e mais tarde apressando a ideia de que a solidão fazia refeições diárias ali,bem presente e incitando seu espírito.
Cadê seus prováveis braços informando canções e mencionando que o café estava definitivamente bom? E suspeitando o próximo filme a ser assistido e porque não sai logo e examina a janela,não deixe acabar todas estas cigarrilhas apanhadas e cartas que esperam pela sua gentileza,forçar um confessar fatalmente rasgado sobre minhas olheiras e súplicas.
Por que não compreende?Vai molhar as plantinhas,enquanto fico seguido de minhas teclas provocando um estranho estalo nada combinativo pela musicalidade maquinal,entregando ao porteiro meu corpo na pasta e observando o quinto andar sem coisíssima alguma de abrir a loja,ainda é muito cedo e eu ainda quero uma visita,perceber teu leve acenar sem pressa entre as samambaias,não quero pensar que amassou outra carta,quero deixar tudo bem apurado como álbum de família.