domingo, 30 de março de 2008

Palíndromo


Gravem bem este nome(Philippe Barcinski)-com certeza ele terá muito futuro no campo cinematográfico.Depois de vários curtas experimentais que mexe com a base do comportamento humano;fez estréia com o longa-(Não por acaso).Então fica aí a dica...E bom curta,porque palíndromo é ótimo...

quinta-feira, 27 de março de 2008

Fome de horizontes

Vai, se você precisa ir Não quero mais brigar esta noite Nossas acusações infantis E palavras mordazes que machucam tanto Não vão levar a nada, como sempre Vai, clareia um pouco a cabeça Já que você não quer conversar.Já brigamos tanto Mais não vale a pena Vou ficar aqui, com um bom livro ou com a TV Sei que existe alguma coisa incomodando você Meu amor, cuidado na estrada E quando você voltar Tranque o portão Feche as janelas Apague a luz e saiba que te amo...(Quando você voltar-Legião Urbana)
Ventava muito nesta quarta-feira de abril.As fazendas de canteiros proveitosos e ilustres;tinha parte de seu plantio de tomates destruída,e telhas arrancadas com a fúria da natureza.Os mourões escondidos,destacados ao longe da várzea, que por muitas das vezes morgaram àquele balançar infantil merecido;à beira dos rios nas tardes,vinham agora com ritmos diferenciadores, explodindo febris ao sabor dos zéfiros confusos, abrindo calçadas entre os pequenos arbustos pérvios.O portão azul que dava pro pátio,ainda permanecia envergado e triste,inoperável;uma certa marca presente de bota manchando o meio do corpo, um carimbo marrom destacável assumindo.
Apenas as dobradiças finas seguravam a velha madeira,permitindo todo aquele suportar de peso grotesco.Saracoteava agora uma estranha dança d'água ao limbo lá fora,cortando sons sensibilizados ante aos chuviscos que invadia manguezais ali perto.No manso corredor,ela esperava desgostosa qualquer coisa de sua voz,qualquer notícia dele que não vinha.Uma sinfonia estranhíssima ia acolhendo o tempo desgastado: era a mistura das dobradiças,conjuntamente com o apiário de abelhas atarefadas, nos roseirais de seu campo.
Sabia que tão cedo ele não voltaria, e seu coração então parecia mais apertado no peito,uma dor definhada e capitalista que apagava os sorrisos na janela.
Sabia de suas brigas tolas,da agitação de discussões na mesa do jantar com o dedo em riste,de greve de sexo em semanas,da ameaça de separação entre ambos.Naquele momento ela queria era parar tudo,e esquecer que a única coisa que ficava lhe cogitando a cabeça;era de que ele deveria estar agora entre amigos,no barracão de madeira contando seu vocabulário de histórias pra terceiros,sob a fogueira crua e destilados quentes lhe abandonando o frio.Sabia que mais tarde dali,ele ia procurar suas madamas costumeiras da zona.Esse grande filho da puta que iria voltar com o cheiro de sexo de outras na sua boca,com o suor amanhecido de perfume barato por todo o corpo.Por muitas das vezes ela desenganou-se de suas traições,arrumando a casa,lustrando móveis,trocando receita de bolo com a vizinha,acompanhando a novela frequentemente.A realidade maior, é que ela não queria ter tempo pra preencher ou arrastar tantas horas com tudo aquilo.
O portão canta fininho,o vento levanta o chapéu de um salto,passos de botas se seguem ao som da música de Cartola:"Esquece meu amor vê se esquece...acontece que eu já não sei mas amar..."Ela lá dentro do quarto,fingindo um sono próspero que não vinha nunca,apenas parava pra escutá-lo.Ele viria cinza,torturado no perfume das meretrizes e beijos; que arrancavam-lhe tantos outros suspiros.Arranhava os dedos calejados no concreto velho da casa tentando se apoiar,transbordava cabarés alegres e cachaça caseira.Atacou um resto de pão amanhecido e acendeu um cigarro.Pensou rudemente na vida.Foi chegando bem de mansinho e calado,parou em frente à porta do quarto.E foi tendo milhões de maus pensamentos ao vê-la dormir,seus olhos agonizavam sexo,a exuberância freguesa que se comprava na cama,e ela se permitia,e se arrependia,e se mostrava toda pra ele,ausente das brigas bobas nas memórias subtraídas.E ele então se deitou ao seu lado,e foi colhendo o seu perfume pela lingerie vermelha,recebendo aquele convite de carne aparente,querendo banhar-se daquelas mechas morenas.Foi chegando tão bobo,deitando a bebida vazia de lado,arqueando um sorriso encantador que ela não viu,arranhando sua barba grande e sussurrando tantas sacanagens no ouvido.Ele queria tudo dela,do que se escondia no meio das suas pernas,do que iria fazer com ela...Mas ele em nenhum momento a possuiu covardemente,nem a destratou e nem lhe dirigiu as mãos grandes sobre o rosto.Ao contrário, transava loucamente de escândalos,na morada doentia deles como criaturas completas.Transava a agonia forte de seus erros,das vergonhas guardadas no silêncio.E acabou o gozo com seus dilemas,descendo a carne estúpida nos lençóis molhados.Tentando entender...entre seu choros secos,e todos aqueles receios e desesperos que reinavam suas leituras,a própria compreensão que desconhecia.Ele queria apenas que ela naquele momento fosse: mãe,tia,prima,irmã,amante,ou ela mesmo pra consolar seus delírios.Que lhe apresentasse fartamente mais calmo,os seios doces para dormir encolhido.E já cansado de aprontar e descer pela solidão da noite acesa que não tinha fim,descansou suas lágrimas esperançosas nos montes,enquanto ela seguia o mesmo caminho;chorando escondida de lado, no mistério do quarto em que tudo se desconhecia...

quarta-feira, 26 de março de 2008

Xícaras bem diferentes


Olhem que legal,xícaras com um estilo de design bem moderno, e totalmente diferenciáveis.São criações do estúdio Sami Rinne Design, fundado em 1999 pelo designer finlandês Sami Rinne.Dou destaque maior para a xícara branca,que lembra uma asa de anjo ou de um passarinho.E a preta representando uma asa de morcego.Seria interessante mesmo beber café,em xícaras tão apresentáveis.Pra quem se interessar mais sobre o designer http://www.samirinne.fi/

quarta-feira, 19 de março de 2008

Olho por olho,dente por dente

"Princesa, surpresa, você me arrasou Serpente, nem sente que me envenenou Senhora e agora me diga onde eu vou Senhora, serpente, princesa Um amor assim delicado nenhum homem daria Talvez tenha sido pecado apostar na alegria Você pensa que eu tenho tudo e vazio me deixa Mas Deus não quer que eu fique mudo e eu te grito essa queixa..."(Queixa-Caetano Veloso)


Seu olhar inverossímil e doce somava veneno,ela ia curiosa,vasculhante.


Ia sem demora na sua residência estranha e perfumada. As retinas firmes à tiracolo lhe guiando contumaz,gravando a beleza confidente dos músculos da vítima;reinando nas particularidades da ossatura.Os caninos aduncos,fortes,provocativos-avançavam com gosto latente,na severidade de seus fantasmas- na surpresa única de validar o ferir íntimo,a alma degenerativa, a saliva em que nada lhe sobrava na língua tensa.
E tinha medo e tinha sofrimento,não sabia nada dela e ela parecia lhe girar tanto a mente.


O cantar hipnotizante incomodava,chamativo,aflito,como vitral nascido e ofuscante; refletindo toda e qualquer cerimonialidade das graças sensuais,queria respirar e não podia,ela lhe cantava exasperável à porta da alma.
O discurso solitário de observações se manteve assim,por muitos e muitos instantes,sem receio de boca.Não entendia ou até tentava entender,o gosto de planos que ela insolente, lhe alimentava falar.E se despedia de seus oposicionismos assim, vislumbrando aquela mulher mal iluminada,que ficava lá; capturando sua essência mais caprichosa,a libido intolerante que trabalhava,o tempo verbal de suas lágrimas que afloravam com o outuno.Sabia que estas rodovias de ilusões andarilhas:devorariam as preces domésticas,os trópicos que esnobou quando mais novo,os vermutes que dizimaram lucidez;as sentenças de mentiras que manchou tanto seu espírito...Não conseguia declarar voz para tv,para o rádio,para o presidente da república.Com os pulsos atados se perguntava:Me diga,como se pára,este sofrer??Nada ali lhe decretava socorro pra liberdade,e gritar já não lhe valia;gritar...Pra quem?...Matava sua alquimia friamente,seus blocos de lembranças derradeiros,enlaçava seu caminhar criando cela .Só entendia de cama,mas quando a matéria era o coração,morria seca,como um bom cubano no cinzeiro.E perseguiu todos os seus limites,seus maços de cigarros,a miséria de seu brochar nos lençóis.E foi um cometa luminoso nas suas mãos,cauda de serpente que sutilmente se perdeu para outras poeiras cósmicas,sem ter dado a única precisão de quem era sua personagem...

segunda-feira, 17 de março de 2008

Estrelas

Vi uma estrela tão alta, Vi uma estrela tão fria! Vi uma estrela luzindo Na minha vida vazia. Era uma estrela tão alta! Era uma estrela tão fria! Era uma estrela sozinha Luzindo no fim do dia. (A Estrela-Manoel Bandeira)
E era em noites incomunicáveis como esta que;temperante a todas as atenções,vagamente ele percorria de soslaio às estrelas fugídias na rua.Conferia neutro,aquele bando chispante iluminando mundéu de matas,cada um com seu ponto destacado no negrume avesso.Sua boca somava números experimentantes, pela matemática emergente que ora surgia.O resto de idéias nada apresentava por horas,um manuscrito ocioso que teimava receber a pena.Sentia que em algum espaço daquela via-láctea,entre bilhões e bilhões de estrelas conscientes ou mortas;sua estrela maior positivamente operava largo, em algum canto.Era sua menininha linda,de voz quase sumida,que encomendava carinhos de longe.E ele nunca se esquecia disso.Nunca esqueceu o dia em que os médicos entrando e sumindo em corredores,com a fala nebulosa e medicina encostada,nada puderam fazer por ela.E mais tarde explodindo em lágrimas, vociferou palavrões impacientes aos doutores plantonistas.Agora ele vagueia com o rosto vermelho inchado de choros,com seu múrmurio maltratado,repartindo estupidamente dúvidas pelos campos de milho,a procura de algo;talvez até de um ombro amigo.E visita o cão amiúde e companheiro,dividindo dores negociantes no queixume de semanas.Misturando-se à terra baldia, suja de tinta branca.O clarão lunar, agora oferta uma luz fortíssima ao jardim da casa;e as gardênias agora descobertas, parecem mais felizes.O eflúvio bom de orvalho do campo investiga forte às narinas."Pai,olha só,as gardênias estão crescendo,veja!!""Sim filha,toda flor tem sua estação.""Pai,me prometa uma coisa,cuida sempre das gardênias, pra mim??É que sou muita esquecida."Ele sorria."Cuido sempre, filha."Hoje por um momento ele se sensibilizou e se permitiu mais jovem,monologando estrelas com a filha...

domingo, 16 de março de 2008

Primeiros versos

"Antes de amar-te, amor, nada era meu.
Vacilei pelas ruas e as coisas: Nada contava nem tinha nome:O mundo era do ar que esperava. E conheci salões cinzentos,Túneis habitados pela lua,Hangares cruéis que se despediam,Perguntas que insistiam na areia.Tudo estava vazio, morto e mudo,Caído, abandonado e decaído,Tudo era inalienavelmente alheio,Tudo era dos outros e de ninguém,Até que tua beleza e tua pobreza De dádivas encheram o outono..." (Pablo Neruda)

Ah o amor...o amor...Como entender esta máquina conflitante, tão grande??Que singelo senhor,nos enlouquece tanto assim,e interroga nossos corações acesos?A minha história não é muito diferente,e começa mais ou menos assim.Eu deveria contar aí com meus oito ou nove anos de idade.Tinha um kichute pra ir à escola, com aquela trava na sola característica,e o imenso cadarço que ia se desenvolvendo para as canelas.Lembro até que eu conseguia passar três voltas nelas facilmente.Era tempo do: "New Wave"ombreiras,relógio Champion,Atari e o estilo musical passava por bandas do gênero: new romantics,góticos, metaleiros,dentre outros.O pop era bem mais melancólico e foi a partir desta época que comecei a gostar de: Echo and The Bunnyman,Joy Division, The Cure,The Smiths.Saía de casa todos os dias após o capítulo de caverna do Dragão na tv .Nas costas eu carregava uma mochila do He-man,e na mão esquerda uma merendeira com suco de caju e biscoito Maria.
Na escola eu era sempre um dos primeiros a chegar.Tomava meu lugar sempre ao fundo,nas últimas carteiras que ficavam à minha direita.Eu detestava comparecer às aulas,e vestir o uniforme azul desconfortável.
Me sentia horrivelmente pequeno,tremendamente pequeno.Quando ia atravessando a porta,e recebia aquele encaramento exasperante, de outros colegas curiosos que me punham à vista.Arriscando negociantes e convictos de que eu era um Et.Eu não era de revidar olhares.E nem minha timidez boba,roubava qualquer coisa de sobrevivência de palavras na boca.Luísa sempre chegava mais tarde um pouco.
Vinha acompanhada da mãe que também era professora da escola.
Eu era todo Luísa.
Luísa tinha um cheiro que me convidava a conhecer fadas,dragões,reinos fantásticos do desconhecido.Miscelânea de fantasias,que fazia da estatística a suficiência maior de meu coração.
E foi naquele manhã de quarta-feira,que inspirado e afoito me tomei a pegar do papel, que ficava dentro da pasta preta;e tropecei algumas letras vacilantes no corpo do texto.Ela me respirava um sabor doce de sabonete,e suas mechas irmãs pendiam na padronagem do ombro.Vivia sorridente pelos cantos,trocando fofoquinhas com as amigas,investigando a vida alheia.Na minha confidência, eu sabia que Luísa era minha platonice inatingível,o terror de minissaia que preocupava o mundo.E por saber desta gentileza partidária,é que de dentro me saía as armas mais interjetivas.Me descobri poeta naquele dia,fatalmente matando sílabas nas linhas.Levantei astuto,irmanado na idéia de um espião russo,e, após favoralmente traçar condições estratégicas para meu romantismo censurante;deixei a folha convivente na sua pastinha rosa.Hoje tudo ficaria mais fácil,com este conceitualismo internético de enviar um e-mail ou torpedo anônimo.Mas talvez a repercussão dinâmica não fosse a mesma.Não existiria aquela taquicardia momentânea, de poder ser descoberto a qualquer tempo.O suor frio se interferindo vago,ou um ficar sem graça pelo ocorrido.Decididamente o perigoso protestava todas as suas verdades.
A professora passava o dever de casa,quando ela procurando algo para anotar,percebeu o papel
branco preso entre livros.Leu cada trecho desembaraçando a escrita ruim.Eu do fundo percebia tudo,o coração quase saltando pela boca.Passado o texto,olhou com calma hesitação para a turma,correndo olhos pelos cantos,tentando adivinhar quem teria sido o ousado mentor.
E na saída da aula Luísa esbanjava felicidades,Luísa designava seus cânticos provisórios,e eu sabia de todo o porquê.Noticiava às amiguinhas com aquele seu estado de graça,o poeminha que havia recebido na turma,de seu misterioso admirador.
Eu me seguia a alguns passos atrás,medroso,no drama da timidez composta.Esquecido por trás de meus grandiosos óculos.Maldita timidez.
Luísa,se algum dia este texto lhe alcançar em mãos,saiba que é daquele mesmo sujeitinho calado,que ficava sempre ao fundo sem graça na sala.E que não levava as aulas tão a sério como era pra ser levada,e que até hoje guardou aquele seu sorrisinho doce esticado,armando vida para as meiguices do amor.A timidez se foi para o espaço,mas a poesia e tua lembrança não...

sexta-feira, 14 de março de 2008

Morada de águas


Basta um sopro vago,qualquer coisa de teu perfume querida
Que me reabra surpresas,que pesquise minhas comoções mais transcendentes
E me arrancarei a ganhar o mundo sem descaso de perdas
Sem determínios de caminhos,tudo eu farei
Nos afeitos planaltos profundos do obscuro
No cego abismo errante, que me espera sem ponte
Por ti,brigarei com minhas sombras,com meus pântanos irradios que libertei
Porque quando me regresso de histórias,festejo eloquente
Na minha chegada que tu autografas sem fala,os lábios sabidos
E me navego tão fácil para os teus mitos
Envolvendo-me nas tramas de tuas essências incertas,do que tua boca me afana maiores travessias
Nos cabelos brincarei povoante, contando todos os meus desvarios
Abraçando-te sem prazo, dizendo teu nome sem improvisos
livremente crescido,no teu sabor mais próximo do imo

Manhã folgazã que teu desejo me veste

Resistência dividida nas labaredas dos sexos

Meu refrigério me convocou outras reuniões de ti

E nem percebi quando o chão virou limbo

Tão absurdo de tuas águas não consegui virar anfíbio

E nas tuas perdidas camadas esparsas;entre ondas,não pude dar um grito

Me afoguei em redundâncias,sem julgamentos,sem poder declarar-te meus sonhos de menino

quinta-feira, 13 de março de 2008

Promessas

Vocês já repararam que o ser humano, tem sempre aquela mania besta de dizer que vai cumprir algo,mas faz tudo justamente ao contrário?!
Os projetos iluminados fazem fila na estante,todos bem guardadinhos em seus volumes enciclopédicos.
Já perdi as contas de quantas promessas eu me fiz e ainda faço.E o reveillon,então?Fica aquela roda de amigos ali ao seu lado,abraços e sentimentalidades perante o ano novo,enquanto que o show pirotécnico se reproduz.Mas o show maior não é dos fogos,e sim; a sessão dos'eu prometo'que chegam a ser piores, do que os políticos de partido pequeno.Li certa vez na BBC do Brasil,que um psicólogo britânico realizou uma pesquisa sobre as promessas de final de ano e sugere que apenas 10% das pessoas conseguem cumprir com as resoluções definidas no fim do ano. Richard Wiseman, que liderou o estudo, analisou 3 mil pessoas que tentavam cumprir com várias promessas, como parar de fumar, emagrecer, fazer mais exercícios ou beber menos.Será?Mas, por que estou falando, tudo isso??Bom,é que minha mais recente promessa seria de que neste início de ano, eu iria malhar;por enquanto a única malhação conhecida é a do halterocopismo.Toda vez que imagino entrar na política do corpo,com seus sons bate-estacas,séries que irão mais tarde me doer o corpo,mulheres carregando isotônicos para um lado e outro quase dizendo'vê,sou geração saúde' pedindo ajuda a professores que vestem Adidas e que já leram duas vezes a enciclopédia do governador Schwarzenegger;será que um dia, eles quererão ser governadores,também?Fico maluco com a idéia.
E não podemos esquecer também, dos novos exercícios-modinhas de academia,exercícios?Nem eu sei mais o que é exercício hoje em dia, no mundo Fitness.(Aerobox)-mistura de:(Box, karatê, Tae kwon do)seguido de:aeroritmos ( aerobahia, aeroaxé, aerodance, aerofunk )-está de brincadeira,não?!Passando por lambaeróbica,Hip hop,power yoga,uma tal de hidrocapoeira e até mesmo power combat.Se a moda pega,daqui a pouco teremos samboetas(o sujeitinho que fica citando poesias, enquanto samba)ou o vira-copos(que treina a resistência de tentar ficar em pé,após vários chorinhos)-E aí vem a cogitação tosca,será a hora necessária mesmo pra desistir de tudo,sem antes de ter começado a coisa?Minha academia ainda vai ser, por enquanto;a de letras.Aliás fico até com o Chico Anísio,que dita que o exercício físico é o primeiro passo para a morte. Fiquei tentando lembrar comigo,quantos atletas eu conhecia com mais de 80,e não lembrei-me de nenhum.Quem puder ajudar...Ao contrário, quem não era,eu de cabeça lembrei-me de uns 20.Nunca vi um coelho viver depois dos 15,mas a tartaruga chega aos 300 anos facilmente,naquela marcha ociosa...e as promessas vão se guardando na estante da esperança...

quarta-feira, 12 de março de 2008

Bem-casados

"É hora de dizer claramente como são as coisas:
você abre suas portas suas pernas seus braços sua boca seu corpo
você as escancara
eu embarco em você
eu me engajo me prendo me agarro navego em você
plano em um jogo de arriscado equilíbrio
atiro-me em seus abismos"

[Do Livro:Estranhas experiências,de Claudio Willer]


E foi chegando-me assim, com esta tua boca de tamanhas tensões amorosas e de confidências experimentais, rasgando as palavras sacanas ao pé do meu ouvido,assim tão rápida e sem promessas aparentes,com as vestimentas molhadas e tão perdida e perturbada implorando o egoísmo de meu sexo,que eu pude acordar minhas fontes e discussões e quero sim arrancar-lhe as danças prolongadas e gozos,estender-me a ti no repouso de mais tarde.
Tão desatinada e que vai se saracoteando como uma enguia brincante,abrindo minha braguilha e tocando o meu membro.
E dizendo-me que nunca seja assim só por acaso, fala isso inquietamente após fechar a porta e empurrar-me pro quarto com a voz espantada e de angústias.
E que naquele apartamento se renunciaria tudo e qualquer coisa que o mundo pudesse interpelar.Ela ia puxando-me a gola azul italiana e me enfiando a língua habitual na orelha.Mordendo a cartilagem morna e frágil e rompendo minhas imaginações e decência morta. Me abrigando o disfarce mais bonito, as vertigens e os ecos tortos se descrevendo em novas raízes, ganhando espaço e disposições pelas janelas e sala ampla.Você era tão sábia e linda, sutilmente me invocando o sexo famélico entre as paredes cinzas.E neste cubículo incursionante toda ideia de pudor era ligeiramente esquecida.Nós éramos dois bichos insanos e tiranos,passáveis de palavras e fartos no erotismo convulso que nos dominava.
O respeito naquela hora e momento era uma desconhecida forma. um sacrilégio impertinente em que os corpos nunca iriam se deixar permitir.A sacanagem reinava em nossas carnes,e o tesão era tanto e atravessava nossas melhores impressões e que o inesperado era assim mesmo,vinha sem créditos e sobressaindo e surpreendendo,um esforço que se engolia e se percebia sensível ora num e noutro.
Teus marfíneos detalhadíssimos abrigavam-se nos meus ombros cansados,no toráx solto e desnudo, nos resmungos submissos da noite, neste costumeiro queixo barbudo e desavisado.
Estava lá tua arcada dentária,mostrando seus entreguismos tão cruéis e desperadores nos dentes enormes escolhendo fome.
E eu semeando os prazeres residenciais na ostentação de teus seios,no que calmamente chupava e sem a menor concentração dos dedos perenes,onde a geografia de teu corpo era rebatida pela minha saliva maior e tínhamos tanta pressa de boca e tanta morada de perfumes afluindo dos poros,e ia lavando-me aasim os lábios secos,percorrendo: mamilos,braços,barriga,atingindo o sal que obriga o exercício de posições, e que tenha esta certeza de permanecermos em delírio.
Tua língua enterrando-se lá no gosto das minhas virilhas aflitas,suadas,multiplicando-se em diárias fantasias impulsivas.
No espaço das costas soube corporificar-me a ponta das unhas sem mencionar lugares, quatro linhas certeiras e retílineas de sangue e que eu já gemi mudo e no encontro da bocas já não gemia uma fina dor,e você ia se direcionando e levantando meu rosto e pedindo as mais sinceras desculpas, com beijinhos aqui e ali,misturado ao gosto de ferro que escorria.
Os olhos bem saltados e morenos que me dardejavam,cobertos por uma fina sombra preta ganhando sobrancelhas,os olhos perseguind esta minha alma cansada,este meu coração sem certezas e a minha glande sendo sorvida carinhosamente sem que houvesse uma pausa de olhar.
Um labirinto de fogo,de boceta e peitos encaminhados o qual eu não poderia resistir.A imagem mais bonita que os lábios paulatinamente podiam avançar.
Os dedos eram testados inquisitivamente,ganhando espaço na elasticidade de teu músculo vaginal.E ela entrelaçava suas coxas ariscas e fortes no meu pescoço,como um for-in-hand bem aplicado.
E se entregou à mim e sem eventos e eu ali mantendo o pau duro e morrendo forças,de somar uma esperança mínima da resistência, segurando o seu quadril bem largo numa visão mais que privilegiada.Seu rabinho durinho e nacarado o qual apertava com força. Lua-metade que eu enamorava loucamente.
E no quarto não existiria e nem nunca iria haver ensaios de burburinhos,e ela parecia compreender-me tolerável em tudo e muito bem.Pois soltava seus gritos,seus galopes descontrolados,povaréu de pretensões e crises invadindo a cama.
E deixou esporrar-me por fim na sua face com maquiagem barata,quando meus pulmões já não emprestavam mais forças,quando já era consumado de todo êxtase e a natureza enfim agradeceu.

terça-feira, 11 de março de 2008

Lúcia


Lúcia,por que você não atende meus telefones,ahn,Lúcia???Sabe, eu sei que fui o maior vacilão com você,sei muito bem disso;e estou tristíssimo por isso.Não é preciso nem escutar isso da sua boca pra entender melhor os fatos.Foi uma tremenda escrotagem da minha parte,sei disso,fico me perguntando por tantas vezes,por que eu fiz aquilo,mesmo??
Ter acontecido daquela forma e daquele jeito;não,você não merecia realmente isto.

Talvez pelo andar da carruagem,você não queira falar comigo por três ou quatro gerações,vá saber.Mas eu venho mesmo assim lhe falar algumas coisas que você merece saber,eu quero recuperar meus erros,ouviu, Lúcia??Quem nunca errou porra,uma vez só nessa vidinha de meu Deus, que nós somos obrigados a viver todos os dias,anh,anh???Por isso que estou estranhamente sem voz,quase nada falando a você,tentando descrever qualquer coisa de besteirol nesta câmera preta que peguei emprestada do vizinho,e que fica agora à minha frente.Sou como um estrangeiro chegando em terra nova Lúcia,estou gravando este DVD especialmente pra mostrar pra você,que não é bem assim que as coisas são,viu!Que eu ainda respiro você meu amor.Que procurei algumas cartas que você havia dado pra mim e li todas,todinhas nesta tarde.Uma a uma com aquele gosto de saudades eternas.Que beijei várias fotos suas sorrindo pro espaço,escancarando aquela sua boca como você faz,sempre.E aquele seu batom forte e vermelho então,que me preenchia toda gola do pescoço,passei o batom na minha boca e fiquei me olhando por horas,tentando imitar os seus jeitinhos,a maneira como você me beijava serenamente.Não,não,eu não estou louco não senhora,decididamente.E carimbei minha camisa azul social por inteira com vários vermelhos destacáveis.E cheirei algumas calcinhas sujas suas, que você esqueceu no banheiro,ouviu??Tudo isso tentando fazer você ficar mais perto de mim,acredite;não estou mentindo ou contando lorotas ao vento,é pura verdade meu bem.Sei muito bem que me chego com esta voz imbecil;de canalha,de moribundo entorpecido de remédios,querendo familiares em volta pra rezar.Que nem merece eu seguir aí com meus dizeres,mas vou falando o que me vai no coração,mesmo que estes ais doam bastante no peito.
Lúcia eu estou bêbado,ouviu??"bê-ba-da-ço"Sim,minhas palavras aqui quase não saem,se você pôde perceber...E você diria pra mim;com aquela cara de atendente de INSS carimbando protocolos:E o que eu tenho a ver com isso??E daí?Você??Bêbado?!Problema o teu meu querido...Não tenho nada a ver com isso...Se você está aí de porre é porque você merece, fique na sarjeta seu rato de esgoto.E você está certa Lúcia,você não tem nada a ver com isso, e eu sou um rato,sim eu sou;mas um rato que te ama.Desesperadamente apaixonado...E nem sei mais o que fazer para implorar este teu perdão tão pétreo.Na tua secretária eletrônica eu acho que já deixei milhares de pranteadoras mensagens.Já falei com o porteiro de teu prédio costumeiramente;e ele me relata o caso de volta,que todas às vezes você está lavando o cabelo,haja dinheiro pra tanto xampu.Já falei com sua irmã menor,e até pra minha sogra eu apelei Lúcia,puta que pariu,que coisa; não?Aquela Jararaca infernal que sempre me odiou mas eu aliviei tudo ali,pelo menos naquele momento delicado.Eu havia desabafado meus sentimentos não comunicados, até este momento, a esta garrafa de Jack Daniel's que me repousa agora no colo,está vendo?Ahn?Ahn?Olhe ela aqui,vê;o close pega bem melhor desse ângulo,dá pra ver bem legal.Ela é tão linda,tão doce,a tua própria descrição Lúcia,como a primeira vez que a vi, estampando as esmeraldas no rosto,me encarando cegamente.Sei que você deve ter um ódio mortal de mim depois do acontecido,sei que deve estar até rindo da minha cara,olhando incógnita,o quanto um ser humano pode ser ridículo.
Ou sentindo tremenda pena deste bobo da corte na tela,falando assim,desconcertante.Sim,pois pode ter pena de mim,a pena é o sentimento mais trágico que um ser humano tem que suportar,isso é chatíssimo mas tenho que passar por isso.
Mas a culpa não foi só minha não,não foi mesmo, sim senhor,a culpa foi também daquela desgraçada que você trouxe pro nosso apartamento,no momento que ela colocou os pés ali,prometendo dividir bolso,eu pensei:"Há algo de podre no reino da Dinamarca."
Cheio de teatrinhos tripudiadores e monólogos aflitos.Achando tudo legal o que eu fazia ou dizia,reconhecendo triunfos nas minhas conversas.A culpa é dela sim também.Ela naufragou a nossa relação.Por que ela queria era tomar o teu lugar Lúcia,será que você nunca percebeu isso?Sim ela queria ser mais até do que você,se duvidasse.

Ela sentia inveja da tua felicidade,da tua beleza,dos teus amigos,dos versos que eu transcrevia a ti,recitando alto assim e assado.Na sala lilás,depois de dois copos de vinho vindo ajudar na fala,e depois falando mais baixo pois o vizinho; havia dado uns cinco murros fechados na parede de volta,expressando que já tinha entendido todo o meu recado lírico de amores.
Sim,foi naquele mesmo dia que você foi visitar sua mãe,e ela saiu ali com uma calcinha minúscula apertada,dividindo as polpas gordas.Era meio-dia e não havia visto você,não encontrei você do meu lado na cama.O bilhete eu pude conferir mais tarde na mesa da sala,ao lado do abajur.E ela saiu do quarto normalmente,rebolando sua calcinha com morangos desenhados nela,desfilando com a maior cara de pau que um ser humano poderia ter tido na vida.Já achando que nós éramos íntimos demais,que já fôssemos quase irmãos,e perguntou se eu queria café,que ela faria sem maiores problemas,que o café dela era gostoso.Perguntou se eu queria com pouco ou muito açúcar.E já não sabia o que fazer:se eu tomava o café com muito açúcar,se fumava um cigarro ou jogava ela violentamente de costas no fogão da cozinha, e mandava brasa.E pela minha parte humana optei pelo terceiro questionamento, amor.Ah,mas como eu tive raiva Lúcia,vontade de matar essa mulher naquela mesma hora.O olhar que ela fazia como se tivesse conquistado um campeonato.Tomei um banho esfregando-me várias vezes, mas aquele cheiro imundo,aquele cheiro fecal não saía de mim,e tive nojo de mim,nojo do ato,da forma como ela me abordou,da maneira como eu aceitei,tive nojo do meu pênis,do meu gozo,dos seus berros loucos querendo que eu a penetrasse mais,senti repulsa de tudo aquilo,ah!!Eu sei... Sei muito bem...Quando um não quer dois não fazem,mas sei lá;naquela hora nem tentei me segurar.Já não conseguia mais nada,os meus músculos migraram hipnóticos,entende!!Apenas mantive a mecânica do sexo ativo em questão,depois do gozo;parecia que todo o arrependimento do mundo por mim transbordava, e eu fedia muito, meu bem.Eu já fumei tantos cigarros,muitos cigarros.Tentando passar um vídeo mais perfeitinho,mais bonitinho,que você conseguisse entender tudo isso.Mas eu não consegui,juro,toda hora ficava só coçando a cabeça,alimentando imaginações patrióticas pelas relacionamento findo,de minhas últimas súplicas na manga.Desenhei garatujas tortas na mesa do jantar,para ganhar qualquer coisa de tempo.Tentei achar um jeito de me fugir deste labirinto que nunca parece ter fim.Lúcia eu estou chorando,olha,está vendo???Eu estou chorando porra!!Que nem uma criancinha condenada pelos pais, de não poder sair mais do quarto pra brincar na rua,até segunda ordem ditatorial.Pode continuar a rir de mim,eu mereço,eu mereço,sou um tremendo cachorro,um tremendo cachorro...Sou um grande covarde,queria poder dar descarga em mim e por um ponto final nisso tudo,mas eu não posso Lúcia,sou covarde pra caralho!Sou um patético ser sem bússola.Sim,você me dava toda a segurança do mundo,eu conseguia respirar melhor nos meus sonhos, quando ao meu lado você dormia.Lúcia,olhe,olhe,os meus pulsos...Eu vou cortá-los,está vendo?Eu vou cortá-los,ora se vou.Eu não consigo ficar sem você caramba,será que você não enxerga isso.Será que você é,burra??Será que eu vou ter que te clinicar,pra me entender??Eu vou dar um pequeno corte,eu vou, me dê um tempo,assim,olhe,olhe,está saindo,vai olhando,está quase lá...Ah,porra Lúcia,que merda.Eu sou um tremendo covarde,eu não consigo nem cortar os meus pulsos,Lúúúúúúcccciiiaaaaa...

segunda-feira, 10 de março de 2008

Girassóis


[Van Gogh pintando girassóis,tela de Paul Gauguin de 1888]
Nesta madrugada libertária de segunda-feira,monossilabicamente distorço letras pausadas aos céus;uma fina camada de água se apresenta lá fora, fortíssima-arrebentando danças estranhas nas armações asfálticas da rua.O reflexo curioso deixado no piche;é comparável a de um espelho doméstico de casa,onde metal e vidro passantes, brigando espaços,formulam terríveis desenhos esguios ao fundo.

Os zéfiros me travam uma luta queixosa de frio e impaciência,com seus socos invisíveis me padecendo no rosto já baixo,e as gotículas de água passeiam no vidro arranhado,apanhando na tela da visão uma imagem abstrata, quase em completo.Nos pontos iluminados dos quartos, nos prédios,apertam-se categorias de pessoas com seus cotidianos inexplicáveis.São uníssonas carnes de rugas e mechas anciãs,são mulheres endiabradas com suas curvas anatômicas,são jovens sem palavras fluidificando rotinas e barbas grandes.
É aquele síndico de autoridades revoltantes,buscando em diálogos rigorosos,a perfeita condição do bem-estar social dos condôminos.É o bêbedo que canta na entrada da portaria,morrendo notas para o elevador.Aqui eu me guardo numa cadeira rodeada de desenhos de girassóis,que mais lembra-me (doze girassóis na jarra)-de Van Gogh,primeiro de uma série de produções espetaculares que desempenhou ao chegar em Arles.Aqui chegando em Curitiba não dimensionei nada disso,me falta tantas inspirações...Da altura do quarto andar,devoro seguidamente: cafés,pacote de biscoitos, Heinekens amassadas,versos incompletos e um maço de Marlboro azul que vai morrendo bitucas, num cinzeiro branco.Percebo que esta mistura não vai me cair nada bem.
Falando em Van Gogh,lembro de 'Sede de viver' de Irving Stone, que me olha da estante pequena,cobrando-me maiores concentrações exercitáveis para as folhas,o romance histórico lido sem compromissos por meses, me reprime com certa ignorância o esquecimento,e tem raiva.Coté de veau petit isto nunca esqueci,o prato predileto de Vincent.E nem da guerra fria entre ele e Gauguin.Ainda digo que Vincent não perdeu a orelha pela sua loucura,pelo contrário;apóio a tese de que Van Gogh sofria sim de epilepsia,e portanto aumentaria sua chances de ter tanstorno bipolar questionável.Nas cartas enviadas ao irmão Theo ele traça desenvolvimentos da doença..."As alucinações insuportáveis desapareceram,estando agora reduzidas a um pesadelo simples,eu penso em consequência do uso de brometo de potássio que venho usando"brometo de potássio, foi o primeiro medicamento usado no tratamento de crises epilépticas.Depois veio o retratamento de Dr.Gachet, feitos em dois quadros pelo mestre, portando ramos da planta dedaleira.No século XVIII era muito utilizada para o tratamento da epilepsia,mas não há registros de que Van Gogh a utilizava.Alem disso, suas crises podem ter origem de várias substâncias utilizadas para enriquecimento de idéias:o álcool,o absinto,cheiro de tintas e terebentina ingerida.
O costume de Van Gogh comer suas pinturas,resultância consequencial do vício com terpenos,presente no: absinto,cânfora e terebentina.

A tudo isso associado,formulou fatores ao seu estado psicótico dúbio;criando mania aguda e alucinações visuais e auditivas.
Os pesquisadores concluíram que sintomas bipolares ocorrem em 12% de pacientes comunitários portadores de epilepsia, taxa superior à encontrada em outras doenças crônicas.
(
Fonte:Prevalence of bipolar symptoms in epilepsy vs other chronic health disorders - Neurology 2005;65:535-540.American Academy of Neurology Prevalence of bipolar symptoms in epilepsy vs other chronic health disorders Alan B. Ettinger, MD, Michael L. Reed, PhD, Joseph F. Goldberg, MD and Robert M.A. Hirschfeld, MD )-Mas creio que a entrega da orelha à prostituta,não foi nem epilepsia,muito menos transtorno bipolar,apenas ciúmes,apenas ciúmes..."E quem um dia irá dizer,que existe razão,nas coisas feitas pelo coração...E quem irá dizer..."O resto é tudo teoria da conspiração(risos).A noite se comporta mais calma e de expectativas agora,névoas serpentinas abraçam becos simplórios...Eu fico observante nos girassóis,que agoram me giram...

sábado, 8 de março de 2008

Canto de surpresas

[Mulher que chora (1937) ]-Picasso

Antes se cabia o estouro do flerte justificado,encontros distraídos em troca de livros usados na biblioteca.

Pacto secreto de horas,calados;em lanchonetes conhecidas.Bilhetes pragmáticos que enchiam folhas do diário vermelho.Antes eram vespertinos os beijos infantis,que sem avisar histórias ou prescindir sossegos;o serviço do amor entregava autoridades.

Você era o artista,o cronista,protagonista de film noir.Meu palhaço de risadas que constante sabia mexer-me os lábios.Herói doméstico que espantava insetos futuros dos corredores.Eu era o seu pedaço construído...Mapa de saudades que se borrou...O ecumenismo inconsciente que você perdeu sem razões.Não chorei quando o problema de dois se tornou um.

Nem separei meus dizeres do que eu poderia ter dito no depois,meu lado imbecil pude afogar nas cachoeiras do Horto,preventivamente libertada da prisão que a língua não expulsava...

Informações táteis


[Eu não tinha estas mãos sem força,tão paradas e frias e mortas;eu não tinha este coração que nem se mostra.]Cecília Meireles - "Retrato"; do livro "Viagem" (1929-1937)


Eu queria me contar civilizadíssimo,doméstico,acordar alarmes de gentilezas que se cobra a vida.

No entanto,são tantas explicações conflitantes que me percebo ilha deserta,sem saber o que abastece a travessia do mundanismo.Sou simplesmente ou não;fruta madura que espera ser colhida.E meus elevadores nunca chegam aos andares convencionais.Bater o olhar na crítica da paisagem e desarmar a uniformidade dos amores,já não sou patriarca;a demência às vezes tira o nosso melhor convívio.

Hoje existem tantos especialistas inéditos,com roteiro e armações rabiscadas,que respondem todos com rodas de cartas,não tire a errada, para não premeditar delírios.O difícil mesmo sempre é afrontar a existência de perto,habitual propriedade que não nos ensina exemplos.Queria ser tão diferentemente acolhido;como os passáros no céu que não explicam suas vontades,mas se sabe a felicidade em cada gorjeio ou vôo no azul vago.Somos trovadores descontentes com centímetros de literatura abaixo.Que não encaixamos aquela edição desatualizada.
Sou reclamar,documento de espinhos.Meus devotamentos discursantes,guardados na página de um clássico esquecido,se possível eu leria novamente com empatia,discernimento ausente no lamento dos dias.Hoje sou oferecido de notícias ocas,fonte favorecida da televisão patrocinando hibridações de seios e bundas.Minha entregue busca poética,querendo tirar versos até de lírios no jardim,não vejo luz,não vejo alegria,as retinas testemunham a pátria destruída.O lírico de 'cantos do Maldoror' ainda me fascina,tal qual geografia amadurecida,discipulando os munícipios noticiados de igualdade.Mas tudo ultimamente é tão utopia,a quem vamos enganar?!Se nossa carteira de dinheiro não tem nada,e a comida há muito não é servida e é rala...

Não há mais palmas para prosas,nem acontecimentos novos para velhas folhas antigas.Minha interpretação literária é boa-praça,é domínio,inevitável sistema incurável que intérprete vai o coração.Não zombe da responsabilidade da linguagem,nem de teu perdão mais contemplativo,do estrangeiro que você vai viver por muitos anos adorador.Aparentemente sou exposto como matéria compreensiva, no roseiral de protocolos mortais.Talvez sejam mais juízos, sem sabê-lo ou confundido,dormindo frustrado entre bustos de monumentos, que nem ouvi falar de nomes.Não sei distinguir tantas belezas que morrem,não sei...A não ser a fome devoradora das cinzas que me ganha nos dedos,ou aquele pôr-do-sol que se vê e se some,como um irmão querido que de repente finge ousar nos esquecer.