sábado, 8 de março de 2008

Informações táteis


[Eu não tinha estas mãos sem força,tão paradas e frias e mortas;eu não tinha este coração que nem se mostra.]Cecília Meireles - "Retrato"; do livro "Viagem" (1929-1937)


Eu queria me contar civilizadíssimo,doméstico,acordar alarmes de gentilezas que se cobra a vida.

No entanto,são tantas explicações conflitantes que me percebo ilha deserta,sem saber o que abastece a travessia do mundanismo.Sou simplesmente ou não;fruta madura que espera ser colhida.E meus elevadores nunca chegam aos andares convencionais.Bater o olhar na crítica da paisagem e desarmar a uniformidade dos amores,já não sou patriarca;a demência às vezes tira o nosso melhor convívio.

Hoje existem tantos especialistas inéditos,com roteiro e armações rabiscadas,que respondem todos com rodas de cartas,não tire a errada, para não premeditar delírios.O difícil mesmo sempre é afrontar a existência de perto,habitual propriedade que não nos ensina exemplos.Queria ser tão diferentemente acolhido;como os passáros no céu que não explicam suas vontades,mas se sabe a felicidade em cada gorjeio ou vôo no azul vago.Somos trovadores descontentes com centímetros de literatura abaixo.Que não encaixamos aquela edição desatualizada.
Sou reclamar,documento de espinhos.Meus devotamentos discursantes,guardados na página de um clássico esquecido,se possível eu leria novamente com empatia,discernimento ausente no lamento dos dias.Hoje sou oferecido de notícias ocas,fonte favorecida da televisão patrocinando hibridações de seios e bundas.Minha entregue busca poética,querendo tirar versos até de lírios no jardim,não vejo luz,não vejo alegria,as retinas testemunham a pátria destruída.O lírico de 'cantos do Maldoror' ainda me fascina,tal qual geografia amadurecida,discipulando os munícipios noticiados de igualdade.Mas tudo ultimamente é tão utopia,a quem vamos enganar?!Se nossa carteira de dinheiro não tem nada,e a comida há muito não é servida e é rala...

Não há mais palmas para prosas,nem acontecimentos novos para velhas folhas antigas.Minha interpretação literária é boa-praça,é domínio,inevitável sistema incurável que intérprete vai o coração.Não zombe da responsabilidade da linguagem,nem de teu perdão mais contemplativo,do estrangeiro que você vai viver por muitos anos adorador.Aparentemente sou exposto como matéria compreensiva, no roseiral de protocolos mortais.Talvez sejam mais juízos, sem sabê-lo ou confundido,dormindo frustrado entre bustos de monumentos, que nem ouvi falar de nomes.Não sei distinguir tantas belezas que morrem,não sei...A não ser a fome devoradora das cinzas que me ganha nos dedos,ou aquele pôr-do-sol que se vê e se some,como um irmão querido que de repente finge ousar nos esquecer.

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