terça-feira, 26 de outubro de 2010

Starry night

Pra escutar com (Moonlight Sonata) de Beethoven
http://www.youtube.com/watch?v=vQVeaIHWWck

Eu queria compreendê-lo com sua natureza tão fria,com sua véspera de instante que me interdita a harmonia,com seu andar quebrado e seus inconformantes olhos cerrados,queria entender suas tantas surpresas de horários que nunca definiu à minha pessoa,tentar endurecer quem saiba uma distraída resposta de viés e lhe perguntar tudo que me atendesse,um beijo mais apanhado e um extravagante vinho embalando nossas bocas sem estampas.Mais não;tudo que eu sentira até ali naquele momento presente, era um enclausuramento louco e perdido sobre os lençóis perfumados,onde eu jamais supunha ou compensaria o limite de suas dores que desconhecia.Eu tomava à sua espera mais perto como uma confirmação para os sorrisos,o próprio descanso tendencioso de minhas agonias que exploram.Queria inventar o meu sono mais tranquilo e festejar mimos e finalzinho de colos.A chuva cai mais forte lá fora e não sei se ele volta,são águas oportunistas rompendo seu silêncio de medo,um cardápio incômodo confrontando os fantasmas matinais.As lágrimas bem servidas das nuvens delineiam suas costas,querendo sua paciência que nunca um dia virá,que nunca irá lhe dizer nada,nada,e sabendo de tudo isso;vaga como um andarilho torto,acreditando na sua suposta calma indireta . Peço apenas pra ele se cuidar,não ficar chateado e atender meus telefonemas,mais o que enfrenta pela madrugada é conforto de amigos,rescostar-se numa cadeira de madeira,atender por risos insinceros e abrir a próxima cerveja. Já tem uma calvície acentuada de tanto teimar passar as mãos nos cabelos,mexe os fios demoradamente,numa batalha infernal de mechas.Eu não sei como ele está, eu fico aqui na procura ansiosa do zelo;discutindo um possível leque de curiosidades sobre seu comportamento,inclinada no travesseiro tentando adivinhar seus insistentes olhos sedutores,seu jeito de menino ordinário,descobrir uma possível conversa mais íntima entre os amigos que nunca me revelou.Eu espero paciente mesmo que haja confusões mais tarde,de nunca aceitar seu universo particular,de não deixá-lo repassar seus contos pela janela,isso nunca.Tem dias que meu sono vem mais rápido e o travesseiro ao lado ainda continua vazio. Mais tarde tem cheiro de café que ele preparou pra mim na manhã,vai chegar mansamente bêbado,aproximar-se do meu lado com possibilidade de olhos,me cheirar convidativo,deitar a bandeja com a maior naturalidade do mundo e me servir um suco.Meu sorriso agradece,ele chegou...

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Meia hora


Eu ainda conseguia vê-la profundamente vívida ao longe,no terceiro andar com tijolinhos.Tão operante no seu andar de sala,passeando pelos corredores estreitos e acabando sua última refeição.Ficava com seus burburinhos reclusos,um ar de pensativa,lançando os ternos olhos miúdos preenchidos na data.Depois puxou de uma escada e foi trocar grande parte dos livros empoeirados da estante, jogando um por um no chão, não queria mais nada daquilo,venderia tudo para o sebo virtual;assim havia me dito.Distraída e descalça conferiu seus últimos compromissos;largou suas camadas de lições de estudos sobre a mesa de vidro temperado.Dormitaria aí por dias seis livros enciclopédicos loucos por serem folheados.Ajeitou a pequena poltrona vermelha até perto da tv e depois ficou brincando canais por tédio. O que eu sentia era um misto de: mistério,histeria e frio no local;que tocava grande parte os olhos úmidos.De tentar correr ainda algumas extremas lições,de importâncias que ainda poderia deixar pela casa.Na vontade doente e louca que eu tinha de estar por ali e eu não podia, e se ligasse não responderia aos meus chamados,ou qualquer tipo de convite mais ousado que eu lançasse.Eu sentia o meu vazio;ali na pequena rua que esperava,cercado pela feira de frutas e hortaliças com senhoras ansiosas brigando pelo melhor preço,e os carregadores descarregando cada vez mais caixas com pressa,na cadeia de semáforos que cobria a esquina sombreante,e ruídos de carros correndo seu último minuto pro trabalho.
Meus olhares agora, são e serão sempre;olhares exilados.Que passeiam por teus cabelos soltos, e que ainda recolhe a mesma vermelhidão chispante de fios; de conceber-me ao teu volume de cachos caindo até os ombros, pra mais tarde amarrá-los por causa do calor.
E a grande janela larga que lhe ocupa,abrindo rapidamente para corrente de ventos,vai descobrindo o corpo reservado que se esconde.Você rega primeiramente o caule das plantas com muito cuidado,aguando grande parte da raiz fresca e que aquilo me cabe um quê louco de ajudar,de amanhã ser minha vez e não se preocupe:os lilases são por minha conta.As suas pernas,o seu rosto,a brancura nua dos ombros solícitos no cumprimento da rega, gravava grande transposição particular de minhas saudades.
Você conversa uma música calma ao longe,falha;que logo tento descobrir pela leitura de lábios.
E que me sai um cantar assim tão baixinho nos lábios,um passsarinho iluminado, presenteando seus versos reticentes no mármore do prédio, sem que houvesse qualquer refreamento de meus registros amantes,qualquer coisa mais grave,do teu resto de voz e caderno de notas que chegou até mim.
Vestiu seu vestido azul tão flutuante que caminhava no sabor dos ventos, e me deu o caminho de conversações e retrospectivas que senti e vivi. Eu tinha uma impressão quase devoradora na sua maquiagem que casava meu coração,e eu me reprovava pelos medos plásticos e discursos existenciais e novos que mitigava na pele.Naquela maquiagem leve que se redistribuía por todo seu rosto de fêmea,que ganhava ali os meus horários de pulmão,aumentava meu apetite de confissões,daquilo que eu nunca poderia declarar ao longe...A não ser, o meu abraço de olhares que conta histórias no apartamento...