sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Quanto riso,oh,quanta alegria rá rá rá...





























[Fotos by:Mariane]
No início não queria comentar sobre o carnaval,e o engraçado é que o carnaval sempre mexeu com este meu coração,batidas certeiras de escola no peito.Mas é que este ano teve um gosto meio estranho de despedida,um quase sair dos amigos,de cultivar outras promessas em uma nova vida em Curitiba.Não sei se cheguei a comentar,mas irei partir para outro lugar;o Rio infelizmente anda muito violento,e eu penso em constituir família,filhos,aquela coisa de casinha no campo...Jogar milho pras galinhas e aprender a tocar violão na rede.Vivi um bom tempo no Rio,e largar tudo isso assim,de bandeja; é bem difícil pra mente,fora as questões de mudança.Alguém me orienta em termos de transportadora??E embalar caixas então...Só tenho medo de duas coisas:esquecer os livros comprados em vários sebos escondidos,e meu toca-discos que é meu braço direito.Lembro que quando estava na Avenida,a primeira coisa que lembrei foi de Cyro dos Anjos sobre o comportamento de:(A donzela Arabela)-''Dêem-me um jato de éter perdido no espaço e construirei um reino.'' ''Bebendo aqui, bebendo ali, acabei presa de grande excitação, correndo atrás de choros, de blocos e cordões. Não sei como, envolvido em que grupo, entrei no salão de um clube, acompanhando a massa na sua liturgia pagã.''
Ou doidamente lembrava também de Manuel Bandeira:"Sempre tristíssimas essas cantigas de carnaval.Paixão,Ciúme,Dor, daquilo que não se pode dizer,Felizmente existe o álcool na vida,E nos três dias de carnaval éter de lança-perfume.
Quem me dera ser como o rapaz desvairado!O ano passado ele parava diante das mulheres bonitas E gritava pedindo o esguicho de cloretilo:- Na boca!Na boca!"-O chato destas histórias é que nenhum professor ousa ensinar estes tipos de estudo na sala quando pensamos literatura.
Na visão de todo mestre, eles teimam em vingar os poetas como aquele cara certinho,de óculos e gravata,e que toma chá com bolachinhas à tarde como os londrinos.O Bandeira fala melhor por mim:"Estou farto do lirismo comedido, Do lirismo bem comportado, Do lirismo funcionário público, com livro de ponto, expediente, protocolo e manifestações de apreço ao sr. diretor. "Mas as ruas esboçam liberdade,esboçam o tema clássico: 'é proibido proibir.'E me calam a boca com confete,bebo cerveja com serpentina,sorrio das coisas mais simples possíveis.
A música que eu tomei por título, deveria ser cantada para mim de outra forma:'Quanto choro,oh,quanto despedida,mais de mil abraços no salão...'
E me divirto tanto,rodo tanto;estampando a cara de xeique barbudo...Os versos se esbarram na composições carnavalescas e Bandeira acompanha:"Uns tomam éter, outros cocaína. Eu tomo alegria! Eis aí por que vim assistir a este baile de terça-feira gorda."Sejamos libertinos,sejamos livres,fora preconceitos informais e castradores.Drummondianamente falando:"Oh! sejamos pornográficos (docemente pornográficos). Por que seremos mais castos que o nosso avô português? "E o carnaval e os poetas da soberba nos salvam.E o carnaval já teve o seu fim,desagradável surpresa que eu não gostaria de buscar.Basta apenas saber se virei novamente repousar meus pés nas ruas cariocas;ou desfilar de sobretudo nas vielas curitibanas.

4 comentários:

Tati disse...

Jordan, meu querido, eu já disse isso outras vezes, mas sou obrigada a repetir depois de ler esse post: VOCÊ É O SUJEITO MAIS CARIOCA QUE CONHEÇO... embora não seja de fato, é de coração, é boêmio como as ruas de Santa Tereza, é poeta (quase) maldito dos botecos (ops, pés sujos) do Rio. Quando você comentou dia desses que iria deixar o Rio, tive dois sentimentos: um de tristeza, pq queria muito ir ao Rio e te encontrar (afinal, gostamos de coisas parecidas, e vc certamente seria um guia perfeito).Dois: uma contagiante alegria, por saber que é uma mudança para uma vida melhor, ao lado de um amor, em busca de dias melhores.

Tati disse...

Só vou pedir alguns cuidados para essa mudança:
1. não esqueça de levar os cds que gravei pra você. Como uma quase Rob Fleming de saias, seria praticamente um delito!
2. não deixe de levar o filme "O que fazer em caso de incêndio"... é um tipo de filme que deve ser visto toda vez que as pessoas que nos são queridas estão longe demais... ou então quando a gente dá aquela vacilada contra nossos próprios princípios.
3. não deixe de me dar seu endereço, para que eu possa mandar mais cds, mais filmes, e pra quando seus filhinhos nascerem, mandar aquelas versões infantis dos "Beatles"... hahahahahahha

Tati disse...

E quando as caixas chegarem na casa nova, as espalhe pelos cômodos ainda sem cor... tire uma foto, e faça um álbum "do primeiro dia do resto de sua vida".

Seus filhos irão curtir.

Tati disse...

P.S.: adorei as fotos de carnaval...