quarta-feira, 17 de julho de 2013

(Horas vazias)


Nesse momento quando dei conta de mim,ainda exibia um certo sono,um clima tristíssimo invadindo minhas veias e peito,e que me remetia lançar os olhares e gestos vagos no decorrer das horas com grande lucidez,eu me sentia ilhado tentando compreender os seus entendimentos e apelos,tentando entender o meu rosto desconhecido e cansado.Abri então a pequena janela branca que dava pros fundos do prédio e onde ocorria a tradicional feira de
segunda-feira,mariscos era a atração principal do dia.
Acordara naquela manhã com meus fantasmas bem apresentáveis,descortinando sem mistérios cada atitude esquiva de levar o propósito da ligação mais à frente.Olhei em volta e tudo que via era apenas o telefone preto à espera,uma ou duas ligações quem saiba,em vez de esperar esse tremendo silêncio que seguia,tudo turbilhonando cedo na minha cabeça solitária,uma confusão de histórias e medo de perder seus sorrisos.
Examinei a carteira e ainda existia uma foto 3x4 dela, com os cabelos bem longos e negros,a boca ainda bem perdurante.
Eu nunca mais tivera contato desde aquela fatídica chuva,e este tempo incerto me carregando para tantas leituras,era uma fuga,um elemento castrador que alimentava o golpe da ausência.Vários livros espalhados e participativos pela cama,um cinzeiro vermelho e a antemanhã de frases que ainda me perturbava todo o pensamento.
A penumbra ganhando os quadros no quarto e que foi palco de tantas encenações de amor.Era a solidão do dia chegando mais intermitente,no interesse de ressentir os meus erros,de encontrar a minha cidade,acertar-me com o gosto de
vê-la novamente.
Rever este pouco que ainda me cabe nos ponteiros mortos,quando o cigarro alcançava apartamentos e o corpo apreendido por imagens e mundo supreendia,de tê-lo sido bem instantâneo e mágico,quando as risadas combinantes dominavam o espaço dos travesseiros.
A feira dava nova condição para rua larga onde os feirantes gritavam seus produtos,os carros passavam com certo cuidado e buzinas,e as pessoas maquinalmente despertas naquela alvorada, escolhiam frutas maduras para os filhos.
Eu mais ali adiante fiquei com as minhas dúvidas merecidas,faria ou não faria aquela ligação,ela receberia de antemão os meus pedidos de desculpas ou não...

Nenhum comentário: