sábado, 16 de novembro de 2013

Vinho

O vinho ainda se encontrava na mesa portuguesa de cedro,com uma tonalidade rubi escura intensa,ao lado das flores  vermelhas que murchavam vagarosamente e dos retratos antigos de família.
Márcia deixara a bebida  ali com um possível  significado,porém,qual significado?Sim eu falo da estranheza  e com várias ressalvas na mente,porque eu já não estava mais com a Márcia,só que ainda dispunha  a chave de casa.
Não existia bilhete ou cartão com dizeres afáveis,apenas o vinho italiano,nada mais.
Preparei o café e passei manteiga em dois pães ,sorvia a cafeína com um jeito distraído,distante,procurei algo na secretária eletrônica,em vão.
Telefonar não seria uma saída interessante,ela mudava de celular como alguém que renova o armário de seis portas,e muito menos era adepta de redes sociais.
A sorte talvez surgisse com um email antigo, que havia deixado no bloco de notas preto,na mesinha de cabeceira do quarto.
Lembro que estava apressadíssima pra um voo, e que qualquer emergência responderia por ali mesmo, anotou ainda alguns telefones comerciais,a ração  certa pro gato e o  número do chaveiro,a chave para o meu azar havia quebrado nesse domingo.
Ligando e ligando,número indisponível,ela havia mudado o celular.Ligar para mãe?Não,só me traria sermões desnecessários.
Os cigarros acabaram,assim como o amor,e comprar às duas da manhã não tem graça nenhuma.
Abro o vinho tentando achar alguma revelação diante do papel de parede adamascado.
Beberico rememorando os pequenos episódios e paladar.
Procuro roupas, dentro,encontro um terno azul escuro comprado no Mercado das pulgas.
O meu pensamento agitado,cogita enormemente  e claro  por estes dias, algo que faz-me enxergar um outro paralelo para o relacionamento,eu nunca pensei em trocar a fechadura da porta.
Talvez este seja o sinal,a resposta em tese,talvez eu encontre a Márcia,talvez eu responda com uma contraproposta de vinho.

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