domingo, 30 de maio de 2010

Existência internética

Fernando percorria os papeis antigos na pasta de couro como necessidade única.Pausadamente saía batendo olhares enervantes sobre todos os textos construídos.Mesmo que viesse a perder milhares de horas; ele ainda acharia aquele bendito memorando.O que se passa nestas pressões desenvolvimentistas, onde as frases borrifadas no globo ganham cada vez mais quintal ou destaque?Os engravatados japoneses procuram relógios, não dormem, são máquinas sem refeição com suas canetas douradas.Gerenciam Fernando e seu ritmo,folheiam sua gestão.
Algumas frases de efeito,sim;algumas frases e tudo mudaria... As semanas, os meses,quem saiba até os anos prolongados dentro da empresa?!Tudo ganharia outra vestimenta confessora,algo que pudesse melhor dosar o futuro!Pensou assim errôneo com aquela digressão de males...Mais o que seria aposentar o seu terno?Enfim largar sua 'armadura europeia' ,um dia?Seria apenas algum tipo de argumento fail?Todo campo de centro tem um querer diferente?Ou nada de campo,apenas um desolado de centro?Ganhando outros ritmos,ganhando outras gestões, o ser humano bifurca e se evidencia em sentença de pleonasmos.
Fernando se pergunta e fica agradecido ao mesmo tempo, o que é a tecnologia dos tempos?!
O que seria da vida dele sem a velocidade da internet, e iphone?
E passava à sua frente aquele hospedeiro de pessoas que emanava sofrimentos e devaneios nos andares.No prisma social de ruas com seus sinais e trafegar de carros e sapatos.Na garotada sem estudo, operando ritualmente e certo, cinco malabares azuis recém-pintados.
Anotou certas verdades num caderninho de alcunhas.Nunca teve senso jornalístico,nem sabia compor músicas,mais suas comunhões de letras sabiam guardar revelações da estampa do mundo.
Duas da tarde.Fernando corre.Fernando quer sossego,defrontar uma praia como criança,talvez!A pasta se arrebenta.Fernando grita como um louco,atropela uma velhinha na esperança de reaver papeis.Os papeis então ganharão vida num pedaço de vento e se seguirão.Irão dançar como faunos novos na fachada de prédios,nas janelas com seus armários de ferro,pelas imagens de gárgulas sofridos.
Ele sabe que a reunião já está perdida,terá que imprimir outro memorando,treinar novamente sua oratória.Os japoneses que entendam o seu sumiço.
Fernando envia um e-mail: "comunicado urgente".
Abriga no seu aparelhinho quatro mil músicas .Hoje ele conhecerá os seus anos perdidos de praia, e pra ele tudo isto basta.

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