quinta-feira, 15 de abril de 2010

Significação

Walt Whitman já dizia que: "para existir grandes poetas,devem existir grandes espectadores também." Eu penso nisso erroneamente e distante,enquanto que a mão gélida vai pousando sobre a mesa do escritório. Mais tarde meu charuto morrerá no cinzeiro de cedro indiano.Sempre gosto de fazê-lo desta forma,o partagás há de morrer como um velho sábio de leituras.Até no seu último bafo de fôlego,de cólera agonizante,ele deve saber reconhecer bem suas últimas palavras.O calor da brasa ainda é sentido pelos meus dedos suados,dou três tapas leves no double corona e lhe dou o sossêgo final.Há dias tão saturados caro leitor,tão saturados...Que por edifícios,nomes,e janelas pluralísticas onde se hospeda ventos;guarnece a grande demanda de senhores desfalcados pela sofreguidão de mundo ou fome de público.Corações apodrecidos que: enfrentarão e respeitarão os seus leves ditados, na companhia terapêutica da tv.
Quase todas as noites eu não estou atencioso pra ninguém,nem atendo telefones,faço-me livre assim,como barco desenganado e sem ilhas.
Entre todas estas confabulações claras,de minutos,de escrita na madrugada,persigo meu labirinto imaginário de felicidades,contando minhas horas no panorama do imbecil.
É este mesmo corpo que escreve rotinas peculiares e inflexíveis da verdade,deixando camisas sujas sobre as cadeiras de vime,abastecendo o tabaco exaustivo no peito,pela casa toda,nos ossos que carregam títulos inacabados.O pâncreas não regula nada bem,minha alma não regula nada bem,minha gaveta com papéis não regula nada bem.
Uma briga de casais se dispara antecipadamente na rua escura da professor Gabizo.Enquanto meus ouvidos assomam várias canções desesperadas, no quarto vazio.Toda hora em algum lugar do mundo, existe sempre um ser humano reclamante e falido.São raivas inflamáveis avançando cubículos e calçadas,escrevendo olhos na tenacidade da perversão inútil,dos semáforos que são atravessados no vermelho.
Onde existirão favelas que irão suprir e consolar:cartilagens,nervos,corações solitários,vidas sem conversas,mastigar outros sonos dos mais depreciativos,carregar certa importância de sorrisos forçados,ganhar melodramas como um câncer favorecido e insistente, despentear cabelos no cio fronteiriço.
Eu quero viver meu vinho tinto,apenas isso;nada mais!!Nem quero inverter meus papéis pras estas chatices incongruentes e loucas!Amanhã eu farei minha viagem!E nem consegui achar as roupas certas,dobrá-las e guardá-las na mala.
Tenho que aguentar tanta coisa-com os diabos-pra tudo isso!!Dia após dia meus monstros cochilam no sofá do jardim.E nem sei mais o que imaginar,já imaginei quase tudo!Porque antigamente retirávamos tudo e de tudo, numa concatenação de harmonias e ideais.Todo aquele aparato de beleza, de manhãs vivas,continuadas,levadas... E hoje se transfere pra isto;momentos obsoletos de cansaço,da esperança que se tornou quase nada ou ferida...

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