sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Estrada

Chegou sobressaltado fazendo tipo e vomitando ganchos de informações,não era a primeira e nem a última vez que negociaria cigarros na madrugada,nem se prestava a fazer cálculos de quanto tinha no bolso,usava chinelos largos,tinha boa fisionomia e fartos fios brancos.
Era final de mês,já havia esgaravatado a terra marrom com suas folhas inúteis,veemente se via na arquitetura arrebentada de bolhas nas mãos, o trabalho desesperado.E somado à sua ocupação assentida de nunca baixar a cabeça pra nada;mais nada mesmo,algo sempre lhe sobraria para porto de seus senões.
Tinha valor de desinteressado, e nos seus arranjos seráficos já percorrera vários infernos.Rondava a fome vazia do estômago por prateleiras brilhosas,entre papos camaradas,e a incerteza dos palpites dançarinos que sossegava números para a loteria...
Tinha dois filhos que nunca conheceu,e delicadeza e cama para as mulheres.Todos já sabiam seu nome na cidade sóbria de Ipatinga,região metropolitana do Vale do aço.Entre os marajás imperialistas,e os presuntos que morriam em beira de estrada,nas igrejas que lambiam cédulas,e as pontes que reinstalavam governos,o velho senhor familiar comparava o crespúsculo com o apanhar da branquinha.
Amanhã arrebentaria de novo os dedos,abriria passagem para o progresso,definiria sua despersonalizada alegria entre o calor e os galhos caídos que se despem em lassidão.Nas partes isoladas onde o processo do sol queima e enterra dor na pele, no alimento fodido e defeituoso de cada músculo atingido pela cãibras absorvidas.
Reflexão acordado?!Que nada!Em nada assumiria o suave caminho da civilização.Melhor se fizesse estátua de corroborações,revolução última de poema marginal!Ele sabia que aperfeiçoado,descoberto de todas as armadilhas,destas tantas mentiras impregnadas e vazias,os bate-papos aporrinhantes,o oferecimento de "senhores"engravatados na estima da ajuda,o emprego de campo que deprimia lábios...Tudo era um guiar bem longe, afastado de divisões territoriais, amigo.Compra de valores infraestruturados de sua geração.Nada se valeria para a chamada de seleções de suas cachaças.Que se danasse o laborioso arquivo de lugares,das estradas desconsoladas que nunca ganhariam piche,dos funcionários fantasmas que carimbam distraídos assinaturas,dos esquemas prodigiosos,de símbolos de lei.
Ele queria continuar irreparável,apertando os pés gordos no chinelo de couro,afundando sensações e decretos e comportamentos temidos na impotência cruzada dos goles.De seus cabelos que aceitam o tempo,ou não-(nesta parte,a estranha estética dos dias sempre lhe impressionou).
Mais que todos soubessem transcendentais,que na resistência ou existência sufocada de lenda de liberdade,ainda existiria o projeto de homenzinho capacitado,em defesa dos mecanismos austeros da escravidão.Outras civilizações por terras ganhariam estratagemas de arrogâncias,outras histórias de rumos lhe atropelariam a identidade terna...Mais este novo mundo de qualquer coisa, aonde não se resgataria argumentações e pedágios sangrentos,nem nada de fazer leilões nos votos,isso resgataria...Ganharia prêmios, compreendendo o posto de artigos e moralidade...

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