quarta-feira, 15 de julho de 2009

Própria criação

Mais de repente ele lança um olhar abandonado.
Aquele certo olhar retratado e sufocado superficialmente no espelho, que reflete e cala e salva.
Negocia sua orquestração de expressões em partes, bem no meio da teia de aranha exposta e aberta pelo sapato agudo, lançado nos calcanhares impróprios do mau humor.Não existe talvez filmes ou fantasmas que caiba no seu escritório adolescente de peito,ele nunca quis comprar qualquer tipo de briga,qualquer começo curioso de intrigas.Pegou a primeira cadeira que encontrou,acreditou no drinque e cantou.Na mistura do mobiliado da casa,frases agressivas e serpenteantes dum batom rubicundo decoram paredes úmidas.
Procurou lê-las cegamente, passeando os dedos suados com a mais pura discrição e calma.Compõe uma caligrafia proprietária de letras pequenas,são recados tremidos e frágeis,que invoca uma sinfonia rara de desabafos e instintos o qual nunca esperou.
Entre um gole e outro correspondente,onde o gelo teima a beijar os lábios e investigar a grossa saliva,onde o malte se aprimora na cura do cérebro desassistido;ele vai se guiando discretamente nos tamborilamentos dos sons ocasionais.
Acontecido,desordenado,desligado,incauto...
Entre a salgada dor na pele disparante,e seu crescer sem navios...
Preenchendo e conduzindo verdades proporcionais ao quase nulo naquele momento.Estar perto das respostas já não fazia qualquer diferença,qualquer soma dourada,qualquer invenção separada de seu conhecer.Abriu o armário e para sua surpresa desguarnecida,num canto escondido da gaveta,ainda acomodava três roupas etiquetadas,roupas que ela mesma nunca iria usar...ele bem sabia...
Tentar criticar?Tentar escrever naturalmente?Nem pensava nisso.Sabia que carregaria uma corda bamba na frequência de idéias que a madrugada sangrava.De início até se achou sentimental,mas tudo era campo e maniqueísmo de ironias,logo internou abruptamente o coração mais cedo.
Era estranho e detestável ser observador da solidão,que continuasse todos os outros planos teatrais,todas as camaleonescas bandeiras de fases;mas que se levasse embora esta germinação do sozinho.
Deixou o seu cheiro e sua cidadezinha na cama,seus abraços colados e conversa no ouvido,deixou seus cabelos para outros namorarem... E noite passada lhe revelou tantos sonhos desperdiçados.Para e adormece no túmulo dos processos,quem saiba a ressaca da amargura não seja tão desastrosa como sua criação...

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