segunda-feira, 18 de abril de 2011

Agnes


Sim,o nome dela nem deveria importar, mas se chamava Agnes.Capítulo dirigente de coletar meus hábitos atenciosos,meu limbo espiritual,e psicanálises à flor da pele.
Agnes ficou em mim como a natureza que reflito,e quanto de seu cheiro atravessou minhas linhas de sensações.Seus olhos eram bem amendoados e chispantes,de um dourado escuro perceptível,parecendo esconder um cômodo passado racional nas retinas.Que até já havia consumido ou tentado esquecer os seus erros em outras e tantas viagens, mas acabou logo desistindo, porque tudo era um quê repentino e ficou incompreensível,de acolher rapidamente algo, entender algo,saber tudo;porque tudo no fim era em vão.
Um colar branco e longo se permitia até o decote negro,traduzindo e crescendo o célebre desejo nas minhas observações,e se possível dizer em maiores detalhes, justificavam muito bem os seios que se guardavam na roupa.
Rodava seus anéis nas pequeninas mãos com grande gracejo e calmaria,após isso,de saber dominar calada a soma e seriedade de sua vida;ia andando pela casa,admirando as pequenas peças que se abrigavam na estante, nos livros que eu sempre mudava de posição.
Como num rompante mágico me virava o rosto com grande sorriso,depois outro virar de rosto com uma curiosidade sugerida,e ela mal sabia;mais este meu coração já latejava tão forte,vivia de origens desconexas,era qualquer dizer de frases ou conversas retratantes na madrugada,que tudo ali me serviria de matéria pra ganhar seus caprichos-(sim, o pequeno músculo que bombeia reconhece e sabe)-queria interagir seu rosto de passagens e entendimentos e desejos, e eu contava isso aos poucos,num sentido especial,sem coincidências,no lado sedento e indiferente de mim na cama.
E quantas noites a insônia já havia me perseguido,e ficava numa angústia de horas a contemplar seu rosto como ponte para o meu sono.Eu desmentia todas as minhas camadas de ansiedade pro destino;pros hinos,porque o que contava em questão eram seus braços,seus instantes,nos meus desvarios visitantes que agradava.
Porque haveria de tudo em agir assim,um senhor capricho crescendo e tramando as essências e que já não dava mais pra esconder nada,desinibir o cinismo apertado que me punha em risco.Naquele momento eu não sabia explicar bem o que se passava,só sei que eu era apenas uma pessoa presa aos seus encantamentos,de tentar eliminar a absoluta fusão da alma,de clarear meus campos de perguntas,de libertar-me daquela redoma o qual me fazia escudo.
E ela vinha com sua calma e presença,de tocar-me à vontade com suas finas mãos ,e no meio módico das despreocupações,pedia pra passar hidratante corporal nas suas costas,num tom risonho e às pressas'Bem devagar,tá?' 'O que é isso?' 'É strawberries and Champagne!' Então eu me erguia de seu pequeno travesseiro rosa e ia conhecendo os seus ombros desnudos,vasculhando a ponta dos dedos sobre sua nuca suada,enquanto que sua face baixava entre os cabelos e se permitia ao descanso.
'Espere!' levantou-se breve e sem tirar-me o olhar,despiu-se da longa camisola negra que escondia bem a existência madura.
Voltou aos poucos com seu sorriso de: acusações, acontecimentos e interesses, ficou a imaginar...Coisa marota escancarando o espírito.Encarou-me com os amendoados vivos;com a fronte desesperada na minha direção.Vertigens,encanto natural de criança,instantes...Joelho sobre joelho foi investindo na cama, até chegar bem perto,manifestando vocabulários neutros,vocabulários aflitos.
'Agora tente esse aqui!É frapê de limão!'E me passou o outro hidratante, ajeitando o cabelo marrom até tomar forma de um pequeno rabo de cavalo,enquanto que eu acenava afirmativamente com a cabeça.Abracei suas panturilhas(duas colunas de certezas)-os pés tão suaves,as nádegas ao acaso brilhosas,e ela se debatia,comprimia às intempéries do prazer com grande lucidez.
'Your song' tocava ao fundo quando pegou-me pelo braço e como numa pequena sinfonia disse que me queria bem dentro dela,de não dizer nada,só estender-me convulso na carne,na inclinação de sexo e fronteiras de êxtases,de morder-lhe o flanco,maltratar suas costas com os marfíneos quentes.
Agnes ultrapassava sempre as minhas respostas,porque tinha propósito máximo e desafios,Agnes consumia o meu composto de criança servil e não dormia sem o seu travesseiro rosa.

3 comentários:

Abner Martins disse...

visita?http://aspequenasletras.blogspot.com/

Unknown disse...

que intenso...


http://californnia.blogspot.com/

Tati disse...

Tua literatura é sinestésica, assim como é a música de Chico. Aquela coisa boa que a gente demora para abraçar por completo porque nos exige sentimentos que nem sempre estão dispostos à nossa frente.

Tua literatura é fantástica!