segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Calma sem lembranças

Guardei meus quartos confusos em cenários sem beleza.
Em nada driblei meu mundo que ressoa,hoje sou profundamente melancólico
Não mando notícias, não vejo estrelas no escuro, e sabe lá aonde vai meu coração
Dizem que o sentimento é fácil encontrar,que se cobre por vidraças experientes
E que a pele conhece bem os rastros das mãos.Preencho tantas canções por lápis,e se sabe esta interceptante leveza...
Tenho murmúrios esquecidos que não quero repousar,arrancar agora esta agonia que priva
Toda vida ou minha morte,eu lavo meus anúncios por diários conversantes
E queria tanto que soubesses como me defino...Mas tua voz aborreceu,teu corpo gelou
Hoje você dormiu a tarde inteira meu amor,misturou sonhos com tombos
Nem sequer soube explicar tua natureza de arrependimentos,já perdi todos os recursos...
Toda ciência moderna meu amor,não compraria passagens para tua autonomia
Já censurei minhas regras por novembro,já esperei lembrança de mortos,já visitei nomes
Imagina,eu deserdei o moço desejo por horas que não cumpriu;a carne bem sabe
Sou infinitamente ouvido pelos desertos de árvores,do dinheiro falido,da dor engolida
Deste calar bandido,por fronteiras proibidas,por vocábulos pobres que o rosário não comprou
Os ensinamentos são falsos,a música não é celebrada,e o artista sempre é esquecido
Não vamos somar os prazeres do mundo,e assinar os olhos para um novo avião
A fome dos passos imagina novas aventuras,sombra habitável da meia voz
Não vou beber meu universo por inteiro,nem querer tão cedo o teu cheiro
Só quero anunciar meus risos por paredes tortas,ou conservar horas parando o relógio
Roerei metade do meu coração,para manter a louca concentração de tua ausência...

Um comentário:

Tati disse...

A calma aqui é de certa forma, angustiante. Perfeito exercício literário e a cada vez mais, te respeito como escritor.

Vim aqui buscar referências. O início das nossas conversas lá no Burrachos. Ao contrário do que parecia óbvio, você, o Paulo e o Dudu, dono de comentários polêmicos, foram os que realmente enxerguei um carinho superlativo. A gente mantém isso há anos [desde 2004, certo?!], às vezes mais presente, às vezes menos, mas hoje, especialmente hoje, eu desejei vir aqui e ler o sentido que nos uniu: a literatura, a poesia, a música, o que nos é comum.

O Dudu faleceu. Estou triste, triste. E vir aqui, me deu um certo conforto de saber que somos de verdade.

Beijos.