terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Compreensão


O copo voou na direção do quadro vermelho da sala,adiantando milhões de pedaços de vidro sobre o tapete.
-Mentira,você nunca estaria apaixonado por mim,seu grande mentiroso!-Assim ela se fez de rogada, e protestou veemente contra todos os meus sentidos,acusando o dedo em riste e, passeando os dedos finos sobre o quadro atingido, como resultado de estatística.
Ela aposentava decerto,com flagrada violência; toda aquela minha gentileza sábia dos dizeres.Nem pude alegar testemunhas,ou guardar meu último remédio jurídico como recurso.Sua caneta burocrática da fúria,sentenciou-me no cumprimento da pena ao limbo.
Aliás;eu nunca entendi destas estratégias femininas,estas doces implicações feminis e vis,que quando não eram condescendentes pra uma grosseria bruta,aniquilava todas as minhas ofertas de amor.
-Você tem outras ouviu,outras...!!-E continuava a dardejar-me com seus olhinhos miúdos e confusos,censurando-me o ninho de idéias.-Bando de sirigaitas pintadas,isso é que elas são!Sou mulher direita,sisuda na vida,não admito fazer parte deste barco.Ah,apaixonado!Sei muito bem o teu apaixonado meu querido!
Deixei as mãos nos bolsos,escorado ao mundéu estrangulado de meus vocábulos,retraindo minhas letras que se permitiram a ficar cada vez mais inconsoladas,todas morando nas vitrines das expectativas.
Andou metros na minha direção, com seus quadríceps morenos e saltados à mostra.Socou-me bem forte o peito,três vezes repetidamente,sem que eu pudesse dar nenhuma base de resistência;pra mais tarde derramar lágrimas no meu ombro, e cobrar de mim uma vida diferente.
E naquela mistura louca de:raiva,desabafo,sensualidade implícita e perdões inacabados,confrontamos os perfumes dos corpos e desempatamos agonia de êxtases nos lábios encarnados e queridos.Um alvoroço profundo de mordidas e cego romance, que sorriria cada vez mais faminto pra cama.Que pedia sua verdade de travesseiros e lençol molhado,na tua endurecida voz que agora anunciava gemidos rápidos.
O entender não era necessário,o estar sim...E na longa crescida do sexo,entre estar e não estar,o orgasmo rasgou cheiro de ambos no quarto.
Já era manhã,e o sol chispava seus primeiros raios pela fresta da janela velha,eu apenas observava ela dormir...Com uma querença ilimitada,um carinho infantil a se perguntar sempre,um anjo se acomodando nos sonhos e nos meus embaraços...
Quando acordasse,recomeçaria novamente com todos os seus discursos...

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