quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Janela de histórias


Em todas as suas verdades, ele nunca acreditou ou se apegou a uma religião convicta,apesar de ter sido criado em colégio de padres.E perceber veemente as velhas beatas que passeavam com seus coros coletivos, como enxame enfurecido; se emaranhando como posse fria pela coletividade da cidade, com suas cristandades de rezas e velas.

Seu jeito mínimo e festivo,afastado do letrado dos doutores de capitais,é que lhe fazia mais importante na linguagem, e na importância da terra que amava.Lá e somente lá;a aldeia de idéias e governo,poupavam seus calibres rotineiros.

Tinha suas desilusões maliciosas,que se arrastavam como veneno antigo pelas veias azuis dos braços;e desembocava tudo nas profundezas da alma e passado.Amou umas três mulheres na vida,uma delas fora uma castelhana de traços renascentistas,e fala rápida.Foi o melhor gosto na boca vazia que brincou.Hoje condena os lábios com seu tabagismo desobediente,e esmaga a solidão com vários destilados apressados.

Da janela observa tantas manhãs belas e cobiçosas e inaugura a língua com café forte no quintal.

Os filhos unicamente cortaram a grandeza de estradas à procura de serviço,procura de renovação de progresso, e soube de seus andares que se sumia ao largo, pelo quadrado rugoso que não entendia enigmas.

Na simplicidade campestre pelejava com seus abismos,com as saudades confessionais e líricas que respingava lágrimas na camisa.Sabia de seus pontos fracos e suspiros,sua época modelo de sonhar enamorado à volta dos filhos,e quem saiba um neto risonho e sonoro.

Na mesa velha guarda uma carta virgem, com segredos de letras e fonemas que não distingue,combinando com o luzir de vela na escuridão do quarto.

São frases infernais que lhe sufocam o sono... E não existe ninguém ali por perto, nenhuma alma viva sequer, a atravessar sua janela; e lhe salvar de todas estas desgraças combalidas.

6 comentários:

Unknown disse...

Bom voltar a ler suas palavras! Sempre me fazem falta!!!!

Tati disse...

Te ler é sempre prazeroso. Dá uma calma de quem precisa de outras histórias. Trás o aconchego de quem precisa do calor de outras vidas. Gosto da maneira como constrói seus personagens. Eles geralmente possuem resquícios de poeta maldito. Eles são sempre irresistíveis aos nossos olhos e gostos.
Te ler é sempre prazeroso. Nos faz próximos. E isso é muito bom!

Um grande beijo.

Jordan Duailibe disse...

Tati,lhe garanto que enquanto existir pessoas lindas como você que me lêem;semmpre o prazer da escrita será mais do que satisfatória pra mim,te ador de muitão :)

Tati disse...

Eu não sei pq tenho o hábito de conferir os comentários dos blogs que leio (geralmente eles não têm recado pra mim). Mas para a minha surpresa você sempre dá um jeito de se tornar presente.

Hoje escrevi um post descaradamente autobiográfico. É engraçado como mudamos tanto em 2 anos. (eu escrevi sobre um relacionamento que aconteceu há 2 anos). É estranho perceber que o que era importante se torna detalhe sem importância.

Beijos.

Ju disse...

parece que vejo a profundidade melancôlica desses olhos senis...
beijos!
: )

Anônimo disse...

Belíssima crônica! Um jeito que gosto de ler e muitas vezes escrever. o relato é muito parecido com a vida de jovens e bons escritores de nossa época!Sem religião formal, mas com respeito e atitude aos que tem noção da espitualidade, o que se vê nas suas observações do mundo, na lembrança dos sentimentos. Virei aqui mais vezes. Trilha sonora excelente tb!