sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Perdões repetidos

De repente;um incorrigível trauma,uma voz ingrata transforma toda a paisagem dos corações no quarto.Arranhando um certo gosto especial na glote e nas letras. Sem cuidado especial nenhum com o outro,o algoz arremesa no ar antigas dores;rasgando perdões perigosos à mostra.A alma ferida cata suas roupas, ante os tropeços balanceantes dos dedos dos pés,fica sem sombras para a parede incomodado,calado com seu maquinário de ilusões.
A disputa de egos se declara ambiciosa, pútrida,como pata pesada a se isolar no detentor.
Um vaso branco fino, em múltiplos pedaços se destrói na parede gelo.Um olhar de raiva se constrói.Ardor,amor,perder.Escadas de mutabilidade questionando a consciência ótica, quando ele se vê ali;naquele momento e lugar,coisas de recordações e momentos de sorrisos.
Um bolo surgido,uma emoção inaugural,surpresa de aniversário.
Cartão beijado, deixado debaixo do travesseiro,sem datas ou comemorações em especial.Café da manhã na cama,vinhos chilenos e queijos,troca de chinelos,cigarro com batom,domingo com DVD,pão de queijo no inverno,autógrafos mútuos em livros ofertados a ambos,furto de prestobarba para as pernas,uma colher para duas bocas, esconder o relógio para o despertador não tocar,fotos brincalhonas
'in natura'.
A voz de dentro,pesquisando paredes e luzes da sala;como galhos afortunados embebidos de dor,se prosperam para mais longe.
E o que éramos um só"antes" se esvaeceu no"depois"o palco então assim,construído dessa forma,numa tragédia disfarçante de misérias; se pratica em narcotizados enganos.
Depois a voz formulada do quarto, em acaso gritante,se faz por menos.Economia de beiços no largo de erros.
A desculpa fluídica se dispara,amansa no desfecho da catarse,passos rápidos e oportunos golpeiam o corredor de ecos.Um salto às costas, e um eflúvio adocicado de madressilvas ronda as narinas.
Logo distante os corações viram massa.E os pés trocados;para a sentença da cama que os decidiu febrilmente...

2 comentários:

Tati disse...

Poucas pessoas sabem fazer do título de um texto, parte essencial dele. E aqui isso muda tudo. E você faz isso bem. Ler um texto com título e sem, faz toda a diferença.

Aaaaaaaaaaa, vc me inspira!

Tati disse...

P.S.: achei a última frase do seu texto, perfeita!